Dois meses depois de se ter deslocado ao centro de saúde de Algueirão-Mem Martins, no distrito de Sintra, Rui Rocha regressou hoje ao local, onde quem não tem médico de família só pode agendar consulta no primeiro dia útil do mês.
Às 08:00, quando abriram as portas do centro de saúde, eram já várias dezenas de pessoas que faziam fila à porta, ao longo de toda a fachada do edifício, com algumas delas a esperarem desde as 04:15 para serem atendidas.
O líder da IL considerou que, dois meses volvidos desde a sua primeira visita, as melhorias no atendimento deste centro de saúde “não são muitas”, lamentando que haja pessoas, algumas “doentes, com mobilidade reduzida e idosas”, que continuem a ter de se deslocar, todos os meses, para conseguir marcar consulta.
“É uma situação indigna em Portugal, no ano de 2023, é uma situação indigna que não é só deste mês. Isto tem acontecido, aqui como noutros sítios, meses atrás de meses, durante o inverso, com pessoas sem nenhumas condições, com frio, com chuva… É uma indignidade absoluta”, sustentou.
Questionado se considera que o Governo está sensível a situações como esta, Rui Rocha respondeu: “O senhor ministro Pizarro é uma pessoa que encara estas questões com uma leviandade surpreendente e, penso eu, não condizente com as suas responsabilidades de governante”.
“O ministro Pizarro é de facto uma pessoa simpática, que faz umas piadas, diverte-se, dá umas gargalhadas, mas não é nada de muito divertido ter estas pessoas aqui com estas condições, desde as 04:15, que é a hora a que chegou o primeiro utente”, disse.
Rui Rocha defendeu que é preciso “reconhecer que há um problema” e, depois, “ser sério no seu tratamento e não ter enviesamentos ideológicos”.
“Não vale a pena dizer que os privados não podem fazer parte da solução porque, depois, não há solução. Portanto, mais vale reconhecer que há um problema, abrir a porta a quem pode contribuir para solucionar esse problema e obviamente servir melhor os cidadãos”, sustentou.
O líder da IL salientou que “é uma evidência que o SNS é uma peça importante do sistema nacional de saúde, mas é uma peça insuficiente”.
“Aqui estamos nós a comprovar e a ver que o é. Temos a questão do encerramento das urgências, das questões de obstetrícia, das listas de espera… É uma evidência que o SNS não presta, neste momento, o serviço adequado”, defendeu.
Abordando assim o encerramento dos blocos de parto do hospital de Santa Maria, em Lisboa, Rui Rocha disse concordar que se recorra às maternidades privadas para resolver a situação.
“O que lamentamos é que tenha de ser perante já o sistema a implodir que se chega a esse tipo de conclusões. É preciso mudar de facto a abordagem”, disse.
Nesse âmbito, Rui Rocha voltou a anunciar que o partido irá apresentar, nos próximos dias, uma lei de bases da saúde, que irá procurar dar “abertura ao sistema” e pôr “os utentes no centro da solução”.
“Basicamente [o objetivo] é garantir acesso a todos os utentes, em igualdade de circunstâncias, estejam a utilizar um prestador privado ou público, com garantia obviamente de financiamento do serviço, seja ele público ou privado, por via do Estado”, sintetizou.
LUSA/HN
0 Comments