Greve dos médicos paralisa centros de saúde e fecha blocos operatórios no Norte

25 de Julho 2023

A greve dos médicos paralisou esta terça-feira várias Unidades de Saúde Familiar (USF) no Norte e está a fazer-se sentir nos blocos operatórios de vários hospitais, nomeadamente no São João, no Porto, e em Viana do Castelo.

Contactadas pela agência Lusa, fontes do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), estrutura que convocou a greve que tem início hoje e se prolonga até quinta-feira, descreveram a atual adesão como “elevadíssima”.

“No Hospital de São João só uma, em 12 salas de bloco operatório, está a funcionar. A adesão à greve no bloco operatório de Viana do Castelo é de 100%”, apontou Hugo Cadavez do SIM.

O responsável acrescentou que em Vila Real e em Vila Nova de Gaia a adesão “também está a ser muito grande”.

Já Hermínia Teixeira, que trabalha na USF Godinho Faria, em Matosinhos, referiu que neste centro de saúde “não está nenhum médico de família a trabalhar”, uma realidade que diz ser semelhante em muitos outros em todo o Norte.

“Na minha unidade não está nenhum médico a trabalhar neste momento. A esta hora [cerca das 09:30] é difícil dar valores reais sobre a adesão de médicos de família, mas do que me vai chegando sei que a maioria não está a trabalhar. Estamos a falar de uma adesão de cerca de 90%. Na USF Vila Meã [concelho de Amarante] nenhum médico está a trabalhar, disseram-me agora”, atirou, acrescentando que no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, no que diz respeito a ambulatório, “apenas a sala de urgência está a funcionar”.

Para os dirigentes do SIM esta adesão reflete o descontentamento dos médicos com a situação laboral e remuneratória no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“Infelizmente fomos forçados à mais dura forma de protesto. Esta é uma greve que não queriamos fazer e tudo fizemos para evitar. Mas temos de demonstrar o nosso descontentamento perante o que foi o resultado de uma negociação que decorreu ao longo de um ano. O prazo do protocolo negocial já terminou, mas o Governo comprometeu-se a negociar quatro aspetos, mas não fez propostas objetivas e concretas”, disse Hugo Cadavez.

À Lusa, Hermínia Teixeira acrescentou as preocupações dos médicos de família e disse temer que a situação se agrave nos próximos dois a três anos se o Governo nada fizer.

“É cada vez mais difícil fixar os médicos de família ao SNS. Isto é muito preocupante na área de Lisboa e Vale do Tejo, como tem sido noticiado, mas o número de portugueses que está sem médico de família tem vindo a crescer. Estamos a falar de um milhão e 700 mil portugueses sem médico de família. E se não for possível captar os recém especialistas a ficar no SNS com melhoria do salário, este número vai engrossar. Nos próximos dois/três anos”, referiu.

Os médicos iniciaram hoje uma greve nacional de três dias para forçar o Governo a apresentar uma proposta concreta de revisão da grelha salarial, que o ministro da Saúde prometeu na segunda-feira enviar aos sindicatos.

Convocada pelo SIM, a paralisação decorre em simultâneo com uma greve dos médicos de família ao trabalho extraordinário, iniciada na segunda-feira e que terá a duração de um mês.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Portugal tem101 médicos especializados em cuidados a idosos

Portugal conta com 101 médicos geriatras especializados em cuidados a idosos, segundo a Ordem dos Médicos, uma especialidade médica criada no país há dez anos mas cada vez com maior procura devido ao envelhecimento da população.

Mudanças de comportamento nos idosos podem indiciar patologias

Mudanças de comportamento em idosos, como isolar-se ou não querer comer, são sinais a que as famílias devem estar atentas porque podem indiciar patologias cujo desenvolvimento pode ser contrariado, alertam médicos geriatras.

MAIS LIDAS

Share This