Em declarações à Agência Lusa, Orlando Lourenço, gerente e padeiro na padaria Badaró, um estabelecimento especializado em broa de milho, disse que o consumo deste produto “diminuiu para cerca de metade”.
“Nós temos uma venda bastante razoável em termos de broa, mas vemos que existe uma procura menor por receio”, referiu o empresário.
Orlando Lourenço contou que os clientes mostram-se “renitentes” em consumir a broa, apesar de lhes darem “a segurança” que podem adquirir e comer a broa feita na casa, por estarem a trabalhar com um produto que “é confiável”.
“O produto que consumimos é de uma moagem local e aparentemente não tem existido nenhuma situação”, disse o empresário, adiantando que, até à data não tem conhecimento de nenhum caso envolvendo algum cliente do estabelecimento situado no centro da cidade de Ílhavo.
A poucos quilómetros dali, na aldeia de Vale de Ílhavo, terra conhecida pelo pão e folares cozidos em fornos a lenha, já há padeiras que deixaram de produzir a broa de milho devido a este problema.
“Agora, neste momento, não estamos a trabalhar com nada disto, desde que começaram a falar que podia ter um problema qualquer”, disse à Lusa, Maria Lurdes Silva.
A padeira contou ainda que esta situação também está a afetar o consumo do pão, lamentando que as autoridades estejam a “induzir as pessoas em erro”, porque, inicialmente, “começaram a dizer para as pessoas não comerem pão, porque [o problema] era o centeio”.
“Acho que isto devia ser mais bem explicado. Eu não estou a perceber muito bem o que se está a passar, mas as pessoas ainda muito menos”, concluiu.
Fonte do Hospital de Aveiro disse à Lusa que até ao momento deram entrada nesta unidade de saúde cerca de 60 pessoas com “sintomas ligeiros” de toxinfeção alimentar, que tiveram alta no espaço de 24 horas.
Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), nas últimas semanas foram detetados 187 casos suspeitos de toxinfeção alimentar associados ao consumo de broa de milho numa área específica do país, que inclui os distritos de Leiria (Pombal, Ansião, Leiria, Marinha Grande, Pedrógão Grande), Santarém (Ourém), Coimbra (Figueira da Foz, Condeixa-a-Nova e Coimbra) e Aveiro (Ílhavo, Vagos).
A DGS e a Autoridade Segurança Alimentar e Económica (ASAE) recomendam o não consumo de broa de milho nestas localidades enquanto decorre a investigação à toxinfeção alimentar associada a este alimento.
Aquelas duas entidades salientam que esta é uma medida preventiva e de caráter transitório, apelando à colaboração dos cidadãos “até que este alimento seja considerado seguro”.
LUSA/HN
0 Comments