O SNS é uma criação da democracia portuguesa, tendo tido consagração constitucional em 1976 e lei fundadora aprovada em 1979.
Durante estas quatro décadas e meia mudou de forma radical o panorama sanitário do nosso País. O velho Portugal do fascismo, em que as pessoas estavam abandonadas à sua sorte, e os indicadores de saúde espelhavam um verdadeiro atraso civilizacional, foi transformado num país moderno, com resultados em saúde que ombreiam com os melhores do Mundo.
Esse SNS, construção de profissionais, da comunidade e de muitos e diversos decisores políticos, enfrenta hoje desafios inéditos. Tem crescido de forma muito significativa, em número de profissionais, em orçamento, em número e sofisticação dos cuidados prestados, mas, vezes demais, não parece capaz de dar resposta célere e confortável a uma procura sempre crescente.
Em alguns casos precisamos de mais recursos humanos, de melhores infraestruturas e de novos equipamentos. Mas, não tenho dúvidas, precisamos também de modelos de organização inovadores, centrados nas pessoas, nas suas necessidades e aspirações.
É esse o desafio que temos. De que forma fazer evoluir a organização do SNS, preservando os seus valores de sempre e a sua natureza de serviço público, capaz de assegurar a plena democratização do acesso à inovação científica e tecnológica na área da saúde. É um desafio para toda a sociedade portuguesa.
Por que é que os médicos têm de fazer 250 horas extraordinárias e todos os outros trabalhadores só podem fazer 150 horas?
E o direito ao descanso compensatório? Somos menos que os outros profissionais?
Um piloto da TAP ganha muitíssimo mais que um médico no SNS, não tem mais formação e tem de cumprir rigorosamente com os seu descanso. A diferença é que se um avião cai, são 200 que morrem. Mas se for um médico que mate por errar por estar a trabalhar mais de 24 horas já não há problema, é só mais “um”.