No arranque do julgamento no Juízo Central Criminal de Lisboa, Marco Aragão explicou ao coletivo de juízas o que o levou em outubro de 2022 a escrever a mencionada carta e a colocar os dados do primo Valter Silva, salientando uma declaração da sua mãe a dizer que o primo devia sofrer tanto quanto fez sofrer a sua família.
“Essa frase fez-me despistar. Sentei-me nesse mesmo dia ao computador e escrevi uma carta a ameaçar o Presidente da República a exigir uma quantia astronómica. Coloquei os dados do meu primo Valter, tudo isto no sentido de prejudicar o meu primo Valter, para que ele tivesse problemas com a justiça”, afirmou, continuando: “Deveu-se a uma animosidade contra o meu primo Valter, espoletada por um desequilíbrio da minha medicação”.
Marco Aragão, que ficou desde janeiro em prisão preventiva no Hospital Prisional de Caxias, descreveu ter uma perturbação esquizoafetiva – caracterizada como uma combinação dos sintomas psicóticos da esquizofrenia e os estados extremos da bipolaridade -, assegurando agora encontrar-se “calmo e normal” e de acordo com a medicação que lhe é administrada.
Para explicar “a animosidade” contra o primo, recordou ainda um episódio familiar de 2021, no qual Valter Silva entrou em contacto com a mãe do arguido, discutindo e ameaçando fazer queixa de Marco Aragão à Polícia Judiciária (PJ) por este ser supostamente traficante de armas.
“Consigo perceber que o meu primo se sinta prejudicado. Na altura não tinha essa noção, talvez devido aos efeitos da medicação”, argumentou.
O Ministério Público (MP) acusou em agosto o arguido dos crimes de coação agravada na forma tentada, extorsão agravada na forma tentada, detenção de arma proibida, acesso indevido e desvio de dados, considerando que Marco Aragão devia “ser declarado inimputável, por anomalia psíquica grave, e sujeito à medida de segurança de internamento”.
As ameaças de morte a Marcelo Rebelo de Sousa surgiram em outubro, numa carta enviada para a Casa Civil da Presidência em que alegadamente era exigido o pagamento de um milhão de euros para não matar o chefe de Estado – com indicação da conta bancária para onde deveria ser feita a transferência do dinheiro – e que incluía ainda uma bala.
LUSA/HN
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