Especialistas discutem papel da investigação na promoção da saúde

23 de Outubro 2023

O papel da investigação na inovação em saúde foi um dos temas abordados nas atividades pré-congresso do 46º Congresso Mundial dos Hospitais. O debate decorreu esta segunda-feira, em Lisboa.

A sessão “Investigação em Saúde – Inovação e Multidisciplinaridade” contou com a participação de Nuno Sousa, da Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica (AICIB); de Ana Paula Martins, do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) e de Isabel Vaz, do Grupo Luz Saúde.

No debate, Ana Paula Martins sublinhou que a investigação é essencial para conseguir reter os profissionais de saúde. “A inovação é o coração do progresso”.

A responsável afirmou que “para o Hospital Santa Maria é fundamental priorizar a investigação (…) Queremos tratar doentes com o melhor que há e a inovação traz-nos isso”.

Por este motivo, a responsável do maior centro hospitalar do país garantiu existirem diversos projetos com instituições académicas a serem feitos neste âmbito.

Sobre a forma como o setor privado se enquadra na inovação em saúde, Isabel Vaz sublinhou que os grupos privados deram “um salto gigante nas últimas décadas”. “À semelhança do público, nós também já temos estabelecidas parcerias com os centros académicos onde a visão estratégica da inovação é partilhada”.

“Sabemos que não há investigação clínica sem investigação fundamental, por isso é fundamental promover um grande diálogo com os investigadores. São estes que estabelecem as perguntas e os porquês”, acrescentou.

De acordo com Isabel Vaz, “não é verdade que o privado não esteja a investir à séria”. A palestrante garantiu que o grupo Luz Saúde é terceiro grupo, em Portugal, que mais investe em inovação. “O grupo Luz investe todos anos nove milhões em investigação”, disse.

Se a questão ideológica na investigação ainda é impedimento, Nuno Sousa respondeu que não. “A parte ideológica está ultrapassada e o panorama está a mudar. Há cada mais estudos a serem feitos e mais doentes a serem recrutados.”

O vice-presidente da Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica sublinhou a importância da investigação. “Há evidência científica a demonstrar que aquelas instituições prestadoras de cuidados de saúde que se envolvem verdadeiramente em atividades de investigação, prestam melhores cuidados de saúde.”

Apesar de sublinhar as melhorias que têm sido verificadas nesta área, o especialista defendeu uma maior autonomia.

“Os centros de investigação clínica estão tipicamente integrados como departamentos dentro das grandes instituições hospitalares, o que significa que estão um pouco reféns. Por isso é que é tão importante que haja uma maior flexibilidade dos modelos de gestão”, reforçou.

O debate contou com a moderação de André Macedo.

HN/Vaishaly Camões

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