“Tem sido muito gratificante, porque temos aqui pessoas de várias partes do mundo. Eu creio que os sistemas de saúde que se relacionam mais connosco são, essencialmente, os europeus, e quando ouvimos os nossos colegas da Alemanha ou do Reino Unido falar, parece que estamos todos num modo depressivo, aqui, nos países desenvolvidos, porque enfrentamos desafios um pouco iguais”, relatou Alexandre Loureço. A Alemanha, por exemplo, “enfrenta graves problemas de recursos humanos”, bem como os ingleses, estes últimos “quase com objetivos de ir recrutar a outros países”, recordou Alexandre Loureço. “Realmente, tem sido essa possibilidade de partilharmos muitas vezes as dores, mas depois, por outro lado, encontrarmos aqui soluções”, acrescentou.
As soluções encontradas “passam muito por melhor planeamento, por fortalecer a liderança da gestão intermédia, dos diretores de serviço, dos diretores de departamento, dos enfermeiros gestores, dos enfermeiros supervisores, dos administradores hospitalares e dos administradores dos organismos de topo, dos conselhos de administração. Fortalecer essa componente de liderança e de gestão porque eles podem ser motores da motivação dos profissionais”, segundo o administrador hospitalar, que conversou com o HealthNews no final do penúltimo dia do Congresso Mundial dos Hospitais. Desafios mais globais como a sustentabilidade ambiental – “um tema premente para todos” – e o digital foram também realçados por Alexandre Lourenço.
Para os participantes, concluiu Alexandre Lourenço, os integrated delivery systems fazem sentido: “A própria Organização Mundial de Saúde tem defendido estes modelos. Portanto, existe aqui um forte consenso quer das organizações multilaterais quer dos organismos dos vários países e, neste caso, dos líderes dos hospitais, sejam médicos, enfermeiros, administradores, gestores. Existe aqui um forte consenso no desenvolvimento desses sistemas, por isso também nos deixa esperançosos sobre o caminho que nós estamos a tomar agora.” Nós, Portugal, que está a apostar nas ULS. Alexandre Lourenço defendeu que “faz todo o sentido esta reforma que está a acontecer em Portugal na criação das Unidades Locais de Saúde”.
“Os hospitais reconhecem que não são capazes de resolver os problemas de aumento da procura, nem os problemas do envelhecimento. É necessário apostar numa integração de cuidados fortalecida pelos cuidados de saúde primários, em que conseguimos investir em prevenção da doença e promoção da saúde. Só assim conseguimos criar mais valor, mais saúde, mais qualidade para os nossos doentes”, explicou.
Alexandre Lourenço é o novo Presidente do Conselho da Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). Iniciará funções a 1 de novembro. O HealthNews quis saber se os constrangimentos provocados pela indisponibilidade dos médicos para mais horas extraordinárias o preocupam: “Nós [gestores] temos sempre uma enorme preocupação, por isso é que planeamos e tentamos encontrar soluções, mas a minha esperança neste momento é que, por um lado, a nossa organização seja uma organização positiva, que crie boas condições de trabalho para os profissionais, e que não cheguemos, evidentemente, a pontos de rutura, esperando que amanhã [hoje] exista este acordo histórico entre os sindicatos e o governo.”
Todos os que trabalham no sistema de saúde têm a responsabilidade de “criar melhores condições e assegurar que os cuidados são prestados aos doentes”, disse o Presidente do CHUC. “Creio que não podemos enjeitar responsabilidades. (…) Em todos nós há uma responsabilidade perante a população”, reforçou.
Os gestores têm a função, essencialmente, de influenciar e de conduzir pessoas: “Um líder não existe sem pessoas que queiram ser lideradas e o nosso trabalho é de, essencialmente, influenciar os profissionais de saúde que estão no terreno, na linha da frente, que enfrentam grandes dificuldades. Nós temos que criar condições para eles desempenharem o seu papel e demonstrar que existe um caminho de motivação, de felicidade no trabalho”, encontrando um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, referiu Alexandre Lourenço.
HN/RA
Alguma vez já se pensou para com a 3ª Idade na criação de Unidades Locais de Saúde Geriátrica bem como de Hospitais Geriátricos / Retaguarda ? ; pois sendo esta população em Portugal rondando cerca de 40 % da população geral, isto não se justificaria , até como alívio para as Unidades Locais de Saúde e os Hospitais Gerais, ao se permitindo com isso e através de uma boa gestão dos recursos existentes melhores e mais específicos cuidados para patologias peculiares desta faixa de doentes ? ; e julgo assim que a restante população só haveria de lucrar com isso.