Centro de Reprodução do São João quase duplica resposta na Procriação Assistida

4 de Novembro 2023

O Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto, que criou há quatro meses o primeiro Centro de Responsabilidade Integrada em Medicina de Reprodução (CRI-MR) do país, está “quase a duplicar” a resposta à Procriação Medicamente Assistida.

“Não temos lista de espera para indução da ovulação, para criopreservação da fertilidade e as inseminações intrauterinas. As transferências de embriões criopreservados estão dentro do normal. Estamos a fazer, em produção adicional, a FIV [fertilização in vitro], os ciclos de microinjeção os PGT [Diagnóstico pré-implantação]”, descreveu a diretora do CRI-MR do CHUSJ.

Lembrando que “o problema das listas de espera é um problema geral do país também nesta área”, em entrevista à agência Lusa Sónia Sousa resumiu o desempenho de quatro meses de CRI-MR com otimismo e com um apelo: “Conseguimos diminuir a lista de espera e quase duplicar tratamentos. Para podermos aumentar ainda mais a resposta precisamos de mais instalações. O [conselho de administração do] hospital sabe isso e está sensível. Com instalações maiores, podemos contratar mais pessoas e fazer mais ciclos”.

O CRI-MR do CHUSJ é o primeiro do género em Portugal. Uma das áreas mais procuradas é o do diagnóstico genético pré-implantação, uma vez que este é o único centro no Serviço Nacional de Saúde (SNS) a fazer este tipo de testes. Recebe por isso utentes de todo o país, incluindo Madeira e Açores.

Em causa está dar resposta a casais que têm alguma doença genética ou familiar e pretendem não a transmitir aos filhos.

Sónia Sousa descreveu que neste CRI “é feito um tratamento, os embriões são biopsiados ao quinto dia e as células são analisadas para se ver quais os embriões que não são portadores da mutação responsável pelo gene”.

“Temos uma lista de espera bastante grande, mas neste momento até essa estamos a conseguir diminuir”, referiu.

O Hospital de São João faz este tipo de diagnósticos desde 1998. Os primeiros testes foram a alterações cromossómicas e à paramiloidose.

Agora fazem também a outras doenças como a Machado de Joseph ou a hemofilia.

Alguns destes procedimentos gozam da colaboração da equipa de genética da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Sónia Sousa destacou, também, o “grande adianto” dado à lista de espera das FIV, sendo objetivo “atingir até menos de um ano de lista de espera”.

“Há um problema que não conseguimos resolver que é o dos casais que têm de recorrer a dador porque é necessário pedir os gâmetas aos banco público e aí a lista de espera é à volta de três anos”, contou a diretora.

Em causa está o facto do número de dadores ter diminuído sem acompanhar o aumento de procura que aconteceu recentemente, nomeadamente dada a inclusão na lei de acesso dos casais de mulheres e das mulheres sozinhas.

“Não temos autonomia nessa matéria”, disse a responsável do CRI-MR do CHUSJ, apelando ao incremento das ações de sensibilização e divulgação, por exemplo junto das faculdades.

Em tratamentos de primeira linha, com este CRI a resposta do CHUSJ passou a ser imediata.

Já em tratamentos de segunda linha, antes da criação do CRI-MR eram 680 os utentes em espera. Com o CRI-ME, a redução da lista de espera supera os 50% (323 utentes em espera).

Quanto a tempo de consulta, antes da criação do CRI-MR a espera rondava os oito meses, o que ultrapassava os Tempos Máximos de Resposta Garantidos (TMRG).

“Atualmente não temos nenhum utente fora do TMRG”, referiu Sónia Sousa.

O CRI-MR do CHUSJ tem cinco médicos, seis biólogos, três enfermeiros, dois administrativos e um assistente operacional.

“Temos uma equipa muito dedicada. E quantas vezes recebemos visitas de pais para dar a conhecer os bebés”, contou a diretora a apontar para quadros de fotografias e desenhos de crianças, lamentando que a pandemia da covid-19 tenha, no entanto, mudado alguns hábitos.

“É, na mesma e cada vez mais, um trabalho muito reconfortante. Portugal precisa de bebés”, concluiu.

LUSA/HN

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