“Vai ser um estudo exaustivo, tanto pela sua dimensão, são 50 locais de nascimento, como também pela profundidade do estudo, mas a Ordem dos Médicos entendeu que, já que o Ministério da Saúde não faz adequadamente o seu trabalho nesta matéria, devia dar um contributo técnico-científico numa matéria extremamente sensível e que já está há demasiado tempo com graves dificuldades”, disse Carlos Cortes.
Para o bastonário, o programa do Governo “está-se a revelar um absoluto fracasso” em termos de resposta na área da obstetrícia.
“Nós temos situações absolutamente dramáticas de não resposta, por exemplo, na grande Lisboa, no hospital São Francisco Xavier” que está a receber as grávidas do Hospital de Santa Maria, cuja maternidade está encerrada devido a obras.
O bastonário contou que esteve na quarta-feira num hospital de Leiria, “que está também a passar por uma situação dramática”, em que de quinta-feira a domingo não tem resposta nesta área.
Foi perante este cenário que a Ordem dos Médicos decidiu criar “uma comissão, um grupo de trabalho, para fazer a avaliação das maternidades públicas e privadas do país” que é composta por vários colégios, nomeadamente de ginecologia-obstetrícia, anestesiologia, pediatria, neonatologia, e contará com o apoio da Universidade do Porto, porque vai haver também um estudo estatístico.
Segundo Carlos Cortes, irão ser avaliadas as condições físicas, técnicas e de recursos humanos das maternidades, para verificar quais são os problemas e apontar soluções, nomeadamente em termos de profissionais, saber quantos são necessários para o país e em que locais, e os meios técnicos tecnológicos que são necessários para fazer o acompanhamento das grávidas.
Após a conclusão do trabalho, a OM enviará um documento com as suas recomendações ao Ministério da Saúde para as implementar “se assim o entender”.
Carlos Cortes espera poder entregar o documento em março ou abril, quando o Ministério da Saúde, do novo Governo, ”estiver pronto para começar as suas funções”.
Questionado pela Lusa sobre as dificuldades que as grávidas estão a ter devido ao fecho de maternidades por falta de profissionais para assegurar as escalas, Carlos Cortes exemplificou que médicos de unidades de Setúbal lhe relataram esta semana que as grávidas têm que ir fazer a ecografia ao privado porque não tem resposta no Serviço Nacional de Saúde naquela área.
Carlos Cortes disse ainda que os constrangimentos no SNS criam “um efeito de insegurança” nas grávidas, levando muitas delas a optar por serem seguidas logo de início no setor privado para, vincou, “não terem que estar nesta situação de indefinição e de insegurança do setor público, onde não têm um acompanhamento permanente e constante”.
“Se as maternidades públicas fecham vários dias da semana, não dão resposta, necessariamente as mães têm que ir para o setor privado”, lamentou.
“Portanto, sabemos das dificuldades, vamos agora apurar melhor quais são essas dificuldades, onde é que elas estão e como é que o Ministério da Saúde as vai poder resolver”, rematou o bastonário dos médicos.
LUSA/HN
0 Comments