Centenas de especialistas debatem em Lisboa desafios das doenças infeciosas

24 de Janeiro 2024

Centenas de médicos e outros profissionais de saúde que estão diariamente na primeira linha da luta contra as infeções vão debater durante dois dias, em Lisboa, os principais desafios destas doenças a nível global e nacional.

“Vivemos uma época em que a taxa descoberta de novos agentes infeciosos de facto não tem precedentes”, disse à agência Lusa o infeciologista Fernando Maltez, presidente da Comissão Organizadora da 14.ª edição das Jornadas de Atualização em Doenças Infecciosas do Hospital de Curry Cabral, que decorrem na quinta e sexta-feira em Lisboa.

Fernando Maltez adiantou que “há um reconhecimento da importância crescente da prevenção, da vigilância e do diagnóstico das doenças infeciosas para a saúde global”, bem como da descoberta de novos agentes infeciosos.

“As doenças infeciosas são um tema atual e têm uma prevalência significativa quer a nível global, quer regional, pelo que merecem uma reflexão e um debate sério”, defendeu, esperando que as jornadas também sirvam para lembrar que, “apesar da história de sucesso e das muitas conquistas que a ciência e a medicina fizeram nesta área, há ainda um longo caminho a percorrer”.

Promovidas pela Associação de Estudos, Núcleo e Grupo de Doenças Infeciosas de Lisboa, as jornadas, que se realizam a cada dois anos, têm mais de 1.000 inscritos, segundo o especialista, considerando ser “o fórum de debate de doenças infeciosas mais importante a nível nacional”.

Nas jornadas, participarão “prestigiados nomes, nacionais e internacionais, da infeciologia e também de outras áreas médicas”, que irão debater, entre outros temas, as emergências e reemergências em doenças infeciosas, as hepatites, o VIH e antirretrovíricos, os desafios na prevenção da infeção no imunodeprimido, a tuberculose e infeções respiratórias.

“São os temas de maior importância a nível global, que são também, em simultâneo, de maior importância a nível nacional e regional”, disse Fernando Maltez.

Segundo o especialista, o Serviço de Doenças Infeciosas do Hospital Curry Cabral acaba por se dedicar mais a algumas destas doenças, como é o caso da Infeção por VIH, da tuberculose e das hepatites, porque continuam a ter uma prevalência muito significativa a nível nacional e regional.

As jornadas servirão também para mostrar o que é a atividade deste serviço – centro de referenciação da zona do sul do país para o combate às doenças infecciosas emergentes e reemergentes -, num ano em que se assinalam os 20 anos da sua criação.

A conferência “Histórias da Raiva” e a apresentação do livro “A face romântica da Tuberculose”, da autoria de Ramalho de Almeida, serão, também fazem parte do programa do fórum.

Hoje, realiza-se o 8º Curso Temático Pré-Jornadas dedicado à vacinação, em que serão abordados temas como a vacinação anti-pneumocócica, a vacinação de 2ª e 3ª geração contra covid-19, a vacinação contra os vírus varicela zoster, do papiloma humano e Mpox, a vacinação contra a malária, contra febres hemorrágicas.

“Nós continuamos a ter na vacinação um calcanhar de Aquiles importante na nossa sociedade e, provavelmente, não será um problema exclusivo de Portugal”, mas transversal a outros países.

Mas, sublinhou o infecciologista, há ainda “problemas importantes de adesão aos programas de vacinação e isso vai ser também debatido nas jornadas”.

Como causas para esta situação, apontou a falta de formação para a saúde e a falta de informação pública relativamente aos efeitos adversos e aos benefícios da vacinação. “Haverá culpas provenientes de vários lados”, rematou.

LUSA/HN

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