O presidente da CPSA, Luís Campos, disse hoje à agência Lusa que o Observatório Nacional da Saúde e Ambiente (ONSA) pretende fazer “uma avaliação e monitorização regular dos efeitos na saúde das alterações climáticas e da degradação ambiental” e as ações que estão a ser desenvolvidas “a nível da mitigação e adaptação em relação a estas consequências”.
“O objetivo é publicar um relatório anual que monitorize indicadores que traduzam o impacto na saúde das alterações climáticas e da degradação ambiental, as ações de consciencialização da população e dos profissionais de saúde sobre este tema”, disse o médico internista.
O observatório também vai monitorizar os projetos de educação assentes no conceito ‘one health’ (saúde única) no ensino pré e pós-graduado dos profissionais de saúde e as ações de investigação que estão a ser desenvolvidas sobre o impacto na saúde das alterações climáticas e degradação ambiental.
Segundo Luís Campos, serão também supervisionadas as ações para reduzir a pegada ecológica do setor de saúde e para aumentar a capacidade do sistema de saúde para responder à transição epidemiológica em curso e ao maior risco de eventos inesperados que está a acontecer.
Questionado sobre se já está a haver alguma mudança de comportamento para mitigar os efeitos das alterações climáticas, nomeadamente no setor da saúde e no ensino, o especialista afirmou que, “infelizmente, não”, considerando que “existe um distanciamento muito importante entre a relevância dos fatores ambientais no impacto da saúde das populações e a forma como as universidades” estão a enfrentar este problema.
“A repercussão das alterações climáticas e da degradação ambiental na saúde das populações são o maior desafio que temos de enfrentar nas próximas décadas e é chocante ver a insuficiência de como estes temas estão a ser introduzidos no ensino pré e pós-graduado das profissões de saúde”, vincou Luís Campos.
O responsável salientou que o Conselho português para a Saúde e Ambiente pretende dar “uma voz comum” às várias organizações de saúde em tudo o que se relaciona com esta temática.
Assinalou que o CPSA já reúne 80 organizações, entre as quais o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, seis ordens profissionais, o Instituto de Medicina Tropical, associações, autarquias, laboratórios, sociedades científicas, hospitais privados e públicos, constituindo a “aliança mais transversal na área dos cuidados de saúde”.
Segundo o CPSA, o setor da saúde é responsável em Portugal por 4,8% da emissão de gases com efeito de estufa, uma percentagem superior à média europeia.
Os fatores ambientais são atualmente responsáveis pela morte de 13 milhões de pessoas por ano – cerca de 20% do total de mortes em todo o mundo, contribuindo para o aumento das doenças cerebrocardiovasculares, do cancro do pulmão, da doença pulmonar obstrutiva crónica, asma e alergias.
LUSA/HN
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