“Tivemos um dia com quatro cirurgias adiadas, mas não podemos esquecer que o sangue não é igual, ou seja, cada doente precisa de uma determinada unidade de sangue, portanto, tivemos a infelicidade que naquele dia quatro doentes precisavam de determinadas unidades específicas de sangue e nós não tínhamos”, explicou Carlos Martins, em entrevista à agência Lusa.
O esclarecimento surge depois de o diretor do Serviço de Sangue do Centro Hospitalar Lisboa Norte/Hospital de Santa Maria, Álvaro Beleza, ter avançado à Rádio Renascença (RR) na semana passada que aquela unidade hospitalar tinha sido obrigada a adiar cirurgias não urgentes – entretanto já realizadas.
“Tivemos que adiar algumas cirurgias programadas, isto é, que não eram urgentes, porque houve uma escassez muito grande, nomeadamente o grupo A e 0, mas o grupo A foi o pior. Foi uma situação difícil”, descreveu o médico à RR.
O presidente da ULS de Santa Maria disse ainda que o horário das colheitas de sangue, na entrada principal do hospital, foi alargado até às 18:30.
“Se for necessário, os profissionais ficam mais ou menos uma hora se tiverem dadores, ou seja, para permitir àqueles que saem do seu trabalho – seja os nossos profissionais, sejam outros cidadãos – possam se deslocar ao Santa Maria e fazer a sua dádiva de sangue”, afirmou.
Carlos Martins acrescentou que está a ser promovido “um conjunto de ações de dádiva de sangue” e que “vai haver uma campanha virada para os centros de saúde” da ULS de Santa Maria.
Na terça-feira, a Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (Fepodabes) alertou para a necessidade do aumento das reservas de sangue, indicando que há hospitais “com grandes dificuldades” e a adiar pequenas cirurgias.
“Já tínhamos conhecimento, nomeadamente o Hospital Santa Maria [em Lisboa] e o Hospital de Évora, que tinham os níveis de sangue muito complicados e que já estavam a fazer alguma reflexão no que toca a intervenções cirúrgicas, porque temos de ter sempre uma reserva, nomeadamente para alguns acidentes ou casos pontuais que apareçam”, disse o presidente da federação, Alberto Mota.
À Lusa, Alberto Mota explicou que é preciso que “as reservas aumentem”, dizendo que 2024 é “um ano muito complicado no que toca às reservas”.
“É extraordinário. Nós todos os anos sabemos que em janeiro e fevereiro temos uma quebra de dadores de sangue por motivo das infeções, gripes e essas situações todas. Este ano, por sinal, até foram os melhores meses, depois, a partir de março até a data de hoje, não se percebe porque é que os grupos A e 0, seja negativo, seja positivo, têm descido e não se consegue subir esses níveis de reserva”, lamentou.
LUSA/HN
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