Berlim assegura que não se deixa intimidar com ameaças russas sobre armamento nuclear

29 de Julho 2024

O Governo alemão assegurou hoje que não se deixará intimidar pelas ameaças do Presidente russo, Vladimir Putin, de reiniciar a produção de armas nucleares de alcance intermédio, como medida de retaliação pela planeada instalação de mísseis norte-americanos na Alemanha.

“Não nos vamos deixar intimidar por tais declarações”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, Sebastian Fischer, em conferência de imprensa em Berlim.

No domingo, Putin ameaçou reiniciar a produção de armas nucleares de alcance intermédio se os Estados Unidos confirmarem a sua intenção de instalar mísseis na Alemanha ou noutro ponto da Europa.

“Se os Estados Unidos puserem em prática esses planos, consideramo-nos libertados da moratória unilateral anteriormente adotada sobre a instalação de capacidades de ataque de médio e curto alcance”, afirmou Putin num discurso na cidade russa de São Petersburgo durante um desfile naval, por ocasião do Dia da Marinha.

“Tomaremos contra-medidas para as utilizar, tendo em conta as ações dos Estados Unidos e dos seus satélites na Europa e noutras regiões do mundo”, advertiu Putin.

Este tipo de arma, com um alcance entre 500 e 5.500 quilómetros, foi em tempos objeto de um tratado de limitação entre Washington e Moscovo, o Tratado sobre as Forças Nucleares de Alcance Intermédio (INF), um compromisso que foi firmado na época soviética.

A Rússia e os Estados Unidos retiraram-se do tratado em 2019, acusando-se mutuamente de não respeitarem as disposições do protocolo.

“Este tipo de míssil, proibido pelo Tratado INF, já foi desenvolvido e instalado há muito tempo – a Rússia violou, portanto, o Tratado INF e o que estamos a planear agora é a resposta a esta situação”, disse Sebastian Fischer.

No início de julho, a administração norte-americana anunciou que os Estados Unidos iriam instalar temporariamente novas armas na Alemanha a partir de 2026, o que permitirá ataques a distâncias maiores em comparação aos sistemas atualmente posicionados na Europa.

Washington pretende fazê-lo até que a Alemanha possa desenvolver as próprias armas.

LUSA/HN

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