Investigador do i3S estuda o processo que aumenta risco de desenvolver leucemia aguda

29 de Julho 2024

Um novo projeto de investigação, liderado por Delfim Duarte, investigador e hematologista do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, tem como objetivo compreender o papel do ferro na formação e diferenciação anormal das células de sangue, um processo que pode aumentar o risco de desenvolvimento da leucemia mieloide aguda (LMA).

A pesquisa foi anunciada pelo Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto.

A hematopoiese clonal, uma condição recentemente identificada, está relacionada ao envelhecimento e ao aumento do risco de LMA, um tipo agressivo de cancro que afeta os glóbulos brancos. “Vamos estudar o papel da inflamação e do ferro na formação e diferenciação das células de sangue e no desenvolvimento de leucemia”, afirmou Delfim Duarte.

O investigador explica que, com o avançar da idade, o número de erros nas células da medula que geram as células sanguíneas tende a aumentar devido à acumulação de mutações em genes que regulam processos vasculares. Essas células mutadas podem se expandir e alterar suas funções, elevando o risco de problemas cardiovasculares e da leucemia mieloide aguda.

Delfim Duarte destacou que estudos anteriores já mostraram que o perfil pró-inflamatório das células mutadas está frequentemente relacionado com a hepcidina, uma proteína que regula os níveis de ferro no organismo. “Dados preliminares do nosso grupo de investigação no i3S sugerem que essa proteína e os níveis de ferro, por sua vez, regulam a formação de novas células sanguíneas”, acrescentou.

A pesquisa irá explorar a relação entre inflamação, ferro e a formação de células sanguíneas, bem como o risco de evolução para a leucemia. a equipa usará amostras de pacientes com hematopoiese clonal e modelos animais que simulam a condição humana. Além de Delfim Duarte, a equipe conta com a colaboração de investigadores da Universidade de Tours, em França, e da Universidade de Zurique, na Suíça.

Este estudo, que conta com um financiamento de 240 mil euros da Associação Europeia de Hematologia para os próximos três anos, pode trazer importantes implicações para a prevenção do risco cardiovascular e do desenvolvimento de leucemias. O financiamento reflete o reconhecimento do trabalho da equipe do i3S e representa uma oportunidade única de explorar, em um contexto pré-clínico, possíveis tratamentos para pacientes com patologias hemato-oncológicas.

Delfim Duarte ressaltou que este avanço é viável graças ao consórcio do Porto Comprehensive Cancer Center Raquel Seruca, que integra o i3S e o IPO Porto. A pesquisa promete contribuir significativamente para o entendimento e potencial tratamento de condições hematológicas complexas.

LUSA/HN/AL

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