Em nota publicada ao início da manhã de hoje na página desta corporação do litoral norte do distrito de Coimbra na rede social Facebook, o comando dos bombeiros voluntários (BV) de Mira assume que existe, atualmente, “um conflito entre a maioria do corpo ativo e a direção” daquela associação humanitária, que se arrasta há meses e que se agudizou recentemente.
O comando da corporação adiantou que as duas partes entraram “num braço de ferro que em nada dignifica a associação, mas que, por força das atuais circunstâncias, era inevitável”.
No texto é ainda referido que questões internas – não reveladas – estão na base da atual situação e que o comando dos bombeiros voluntários de Mira, “consciente de todas estas divergências e tomadas de atitude, sempre pautou a sua conduta, de forma responsável, pelo equilíbrio e apelo ao bom senso, por forma a que cada parte pudesse cumprir a sua missão”.
No entanto, através do comunicado declara que o próprio comando dos bombeiros “também deixou de conseguir dialogar na plenitude e numa lógica institucional com a direção da associação, o que não é de todo saudável nem compatível com as necessidades diárias de um quartel de bombeiros”.
Na mesma nota, o comando dos BV de Mira informou que face ao conflito com a direção, 43 dos 59 bombeiros (cerca de 72%) do corpo ativo da corporação “mostraram-se indisponíveis” para integrar escalas do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios, do Serviço de Praia protocolado com o município, bem como prevenções e representações, “garantindo apenas os serviços a que estão obrigados, seja no regime voluntário ou profissional”.
A agência Lusa tentou ouvir, sem sucesso, João Maduro, comandante dos bombeiros voluntários de Mira.
Horas mais tarde, cerca das 15:00 de hoje, foi a vez da presidente da direção, Alda Leça, divulgar na mesma página um comunicado, através do qual que anunciava a demissão do corpo diretivo da associação humanitária “com efeitos imediatos”.
Na nota, hoje divulgada, mas que tem data de quinta-feira, dia 08, a direção dos Bombeiros Voluntários de Mira afirma ter concluído, “após uma análise muito ponderada”, que as atuais condições não permitem dar continuidade ao compromisso de gestão da associação.
“Criou-se uma situação que nada tem abonado em favor de todos os intervenientes, seja direção, seja corpo ativo, comprometendo a capacidade de realizar as funções com a excelência que se considera necessária e com a qual nos comprometemos inicialmente”, sublinhou.
Embora sem especificar os motivos do conflito, Alda Leça revelou que a direção agora demissionária estava consciente de que a associação dos bombeiros voluntários de Mira “era uma casa ‘complicada’ de gerir, quer a nível financeiro, mas sobretudo a nível de relações interpessoais”.
Entre outros pontos, a presidente diz que os órgãos diretivos foram confrontados “com algumas situações difíceis de ultrapassar, próprias da gestão de uma casa sem apoios de retaguarda, sem regras, onde os funcionários é que as ditam e não têm qualquer abertura para a mudança”.
“Reconhecemos que é uma casa com muitas particularidades, muitas vezes atípicas, onde os funcionários não são funcionários, mas sim superiores, e a direção não consegue ser direção. Conhecemos elementos que não sabem respeitar o colega do lado, quanto mais alguém que o queira gerir (…). Qualquer elemento fora daquela corporação não tem nem nunca terá condições para assumir a sua gestão”, frisou, na nota, Alda Leça.
LUSA/HN
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