Em declarações à Lusa, a presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá, considerou tratar-se de “um plano vazio” que “não vai resolver os problemas do SNS [Serviço Nacional de Saúde]. Não passa de pura propaganda”.
Para a dirigente, o Ministério da Saúde quer “ter um Serviço Nacional de Saúde na área materna, infantil e pediátrica refém de linhas telefónicas em substituição do atendimento presencial”, o que degrada a qualidade do serviço.
Dantes “havia 10 partos por ano em ambulâncias, mas este ano já tivemos mais de 40”, exemplificou.
“No caso das crianças, eles dizem que, se forem situações menos graves, remetem para os centros de saúde, onde nós sabemos que as agendas estão cheias e onde há falta de médicos”, acrescentou.
“Não explicam depois como é que as equipas têm mais médicos, seja a nível dos centros de saúde para receberem os utentes, nem como é que a nível hospitalar, ao nível das urgências, as equipas são reforçadas”, acusou a dirigente.
Joana Bordalo e Sá salientou que no plano “não há uma única linha” sobre como será feito o reforço dos recursos humanos, nomeadamente de médicos e outros profissionais de saúde.
Além disso, segundo a FNAM, há uma estratégia de esvaziamento dos serviços públicos, como é o caso da administração de vacinas.
“A vacinação, que sempre foi assegurada pelos centros de saúde, por exemplo, e que sempre funcionou bem, de repente, é transferida assim para as farmácias”, sem “nenhuma justificação para isso”, uma “medida com muitos custos adicionais para o erário público”.
“Nos últimos 50 anos, nós tínhamos dos melhores resultados de saúde materno/infantil, a própria mortalidade geral da população era das mais baixas” do mundo, mas hoje “nós vemos que, com estas medidas que são vazias, em particular deste Ministério da Ana Paula Martins, as coisas estão a piorar”, acusou a dirigente.
Joana Bordalo e Sá recordou as notícias recentes do “aumento dos óbitos fetais de bebés” e de recém-nascidos como exemplos dessa degradação.
“Os nossos dados de saúde, que eram excelentes devido a um SNS que era público, universal e que garantia a saúde à população, deixaram de ser uma realidade”, disse a dirigente sindical, considerando que a ministra “Ana Paula Martins não tem competência e não tem vontade política de reverter a situação”.
O plano vai avançar como projeto-piloto nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Oeste e Península de Setúbal, onde se registam as maiores dificuldades, anunciou hoje a ministra da Saúde
“Queremos evitar o encerramento de serviços ou a sua rotatividade, que tanta ansiedade trazem às nossas utentes e às nossas crianças”, salientou a governante.
O Governo vai criar uma Linha SNS Criança para desviar das urgências pediátricas os casos não urgentes, enviando-os para consultas agendadas nos centros de saúde, para que a criança possa ser vista em 24 horas.
Nas urgências devem ser apenas vistos os casos encaminhados por outras unidades hospitalares, pelos assistentes ou pelo INEM.
As urgências de obstetrícia/ginecologia e de pediatria voltaram, durante este verão, a registar dificuldades de funcionamento, devido à falta de especialistas para preencher as escalas, o que levou ao encerramento parcial ou a constrangimentos desses serviços.
LUSA/HN
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