O mesmo adjetivo é usado nos dois comunicados em que os dois políticos criticam a postura das bancadas parlamentares do CDS-PP e do PSD, na discussão do Orçamento do Estado (OE) para 2025, face às propostas do PCP e do BE para reativar a urgência do referido hospital do distrito de Aveiro.
Tanto a proposta do PCP como a do BE tiveram a mesma votação: votos favoráveis de PCP, BE, Chega, Livre e PAN, abstenções de PS e IL, e voto contra de PSD e CDS-PP.
No caso do deputado municipal não-inscrito Fernando Camelo de Almeida, que em 2021 foi o único eleito pelo CDS-PP para a assembleia municipal de Ovar, mas dois anos depois se desfiliou do partido por discordar do seu rumo estratégico, o chumbo vai contra o que diz ter defendido desde o encerramento da urgência local em 2007.
“Enquanto fui militante do CDS, todos sabiam que uma das causas pelas quais lutava afincadamente desde 1999 era a defesa do Hospital de Ovar. Prova disso mesmo é o Projeto de Resolução 663/XIV/2, que, apresentado pelo CDS na Assembleia da República em setembro de 2020, recomendava ao Governo a abertura do Serviço de Urgência no Hospital Francisco Zagalo e foi aprovado a 26 de novembro de 2021, com os votos a favor do CDS e do PSD, entre outros partidos”, começa por recordar.
Depois, acrescentou: “Agora, fiquei perplexo ao tomar conhecimento de que duas propostas apresentadas para a abertura do Serviço de Urgência no Hospital Francisco Zagalo, em sede de discussão do Orçamento do Estado, mereceram o voto contra do CDS e do PSD”.
Fernando Camelo de Almeida afirmou que “não é aceitável a mudança de posição do PSD nacional num tão curto espaço de tempo” e insistiu que a reabertura da Urgência de Ovar “é mais do que justificável” – daria por terminada “a escandalosa falta de equidade relativamente a outros municípios, como é exemplo São João da Madeira”, e proporcionaria a 55.400 habitantes e milhares de turistas balneares “um acesso rápido aos cuidados de saúde urgentes sem sobrecarregar o Hospital São Sebastião”, em Santa Maria da Feira.
Para o deputado municipal, o chumbo demonstra que “é notória a falta de peso político do município de Ovar, assim como a inércia do executivo do PSD em funções na Câmara Municipal”.
O presidente local do PS, Emanuel Oliveira, também se diz “perplexo pelo resultado da votação” às propostas de PCP e do BE para reativação da Urgência, pelo que defende que o PSD adota “um discurso em Ovar e outro na Assembleia da República”, revelando assim “total incoerência e total falta de correspondência entre os seus atos e as suas palavras”.
“A gestão PSD da Câmara Municipal de Ovar sempre atribuiu o insucesso das suas vontades ao facto de o Governo ser do Partido Socialista. E agora, que o Governo é do PSD, a quem se deve então o insucesso?”, questionou o líder da concelhia.
Emanuel Oliveira acusou ainda o antigo presidente da Câmara de Ovar e atual deputado parlamentar pelo PSD, Salvador Malheiro, de se ter “esquecido e eclipsado” na gestão deste assunto, sem informar os vareiros que o seu grupo parlamentar “vetou e impediu a reabertura” da Urgência.
“Para quem afirmava que ia para Lisboa ajudar a resolver os problemas do concelho… Mais ajudas destas dispensam-se”, concluiu.
LUSA/HN
0 Comments