Utentes de saúde de Alcobaça em protesto no final do mês por mais respostas hospitalares

10 de Dezembro 2024

A comissão de utentes de saúde do concelho de Alcobaça vai concentrar-se, no dia 28, em protesto contra a falta de respostas no hospital local, que obriga os utentes a deslocarem-se ao Hospital de Leiria.

Numa carta enviada à administração do Centro Hospitalar de Leiria, onde se integra o Hospital Bernardino Lopes de Oliveira (HBLO), em Alcobaça, a comissão exige respostas concretas a “um conjunto de questões que apoquentam” a população do concelho, do distrito de Leiria.

As queixas agudizaram-se desde setembro, altura em que, segundo a comissão, o HABLO “passou a estar quase a zero em termos de respostas hospitalares”.

Na carta, a que a agência Lusa teve acesso, é referido que “a maioria dos utentes que necessita de urgência tem de viajar para o Hospital de Leiria”, já que “a partir das 16:30 deixa de ser possível realizar análises e muitas vezes não se pode fazer raio-X”.

A comissão denuncia ainda que “ninguém é internado nas dez camas do rés-do-chão, nem nas do bloco ou da medicina interna”, onde “só têm alguns casos sociais”.

As criticas estendem-se à existência de “muitas reclamações no atendimento dos médicos contratados”, defendendo a comissão que os médicos “deviam ser contratados a tempo inteiro, sendo insustentável uma coexistência laboral com médicos efetivos que recebem um terço do salário dos que são contratados por empresas”.

Na missiva, a comissão aponta ainda “o abandono do médico internista há poucos meses” como uma situação que “gerou uma grande incompreensão na população”.

Além disso, acrescenta, há queixas dos utentes e dos familiares e amigos que vão às visitas aos quilómetros, portagens e estacionamento pago em Leiria, “quando a deslocação não é até Coimbra”.

A comissão, nomeada em 06 de outubro, reconhece, no entanto, que o processo de passagem da responsabilidade do HABLO do Centro Hospitalar do Oeste para o Centro Hospitalar de Leiria trouxe vantagens a esta unidade.

“A satisfação foi evidente durante estes anos, até ao outono de 2024”, afirmam, aludindo a “investimentos fundamentais na requalificação generalizada” do hospital, ao nível das redes de gás e de água, dos recursos humanos e de serviços como o raio-X, análises, morgue, urgências, bloco operatório, medicina interna e unidade de cuidados paliativos.

Ainda assim, a comissão marcou para o dia 28 uma concentração junto ao HABLO para exigir “ respostas de qualidade” e serviços “a funcionar todos os dias”, quer no hospital, quer nos centros de saúde.

Contactado pela Lusa o conselho de administração da ULS da Região de Leiria informou que o Serviço de Urgência Básica do HABLO “ funciona 24 horas por dia” e que a disponibilidade de meios complementares de diagnóstico e terapêutica nas unidades laboratoriais de Pombal e Alcobaça tem “uma resposta 24 horas de disponibilidade de acordo com o legislado, através de equipamento de química seca com PCR, pH e gasometria, troponina”.

“Entre as 08:30 e as 16:30 este serviço é acrescido de hemograma, coagulação INR, sumária de urina, com a presença física de uma Técnica Superior de Análises”, acrescentou o conselho de administração, em resposta às criticas da comissão.

Quanto ao raio-x, está disponível diariamente entre as 08:00 e a meia-noite, é ainda indicado na resposta à Lusa.

O conselho de administração da ULS RL adiantou também que na última reunião, na semana passada, deliberou a reabertura das camas da Unidade de Internamentos de Curta Duração (UICD), nos Hospitais de Alcobaça e de Pombal, a partir do dia 01 de janeiro.

Por outro lado, o conselho de administração referiu não ter qualquer pedido da recém-criada Comissão de Utentes de Alcobaça, mas assegurou existir “toda a disponibilidade para reunir, a exemplo do que tem acontecido com outras comissões de utentes”.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Tratamento intensivo não reduz eventos cardiovasculares em mulheres

Um estudo apresentado no ACC.25 revelou que uma terapia intensiva com três medicamentos não reduziu significativamente os eventos cardiovasculares graves em mulheres com sintomas de isquemia sem obstruções nas artérias coronárias. A pesquisa pode orientar futuras estratégias para tratar esta condição prevalente.

A saúde eleitoral

Mário André Macedo
Enfermeiro Especialista em Saúde Infantil e Pediátrica

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights