Pré-triagem telefónica para grávidas antes de irem às urgências arranca na 2.ªfeira

13 de Dezembro 2024

As grávidas da Região de Lisboa e Vale do Tejo, incluindo o Hospital Distrital de Leiria, terão de ligar para a Linha SNS Grávida antes e irem às urgências a partir de segunda-feira.

Segundo uma portaria hoje publicada, o projeto-piloto, que poderá depois estender-se a todo o país, abrangerá ainda outros hospitais de diferentes regiões que manifestem interesse em participar, desde que preencham determinados requisitos.

Fonte da tutela disse à Lusa que, nalgumas Unidades Locais de Saúde, o projeto arranca já na segunda-feira.

O restante calendário ainda está a ser definido e será “oportunamente divulgado”.

A portaria hoje publicada em Diário da República, assinada pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins, informa que serão colados cartazes à porta das urgências de Obstetrícia e Ginecologia a informar desta necessidade de pré-triagem telefónica, indicando que apenas serão atendidas situações urgentes e exemplos concretos desses casos que podem ocorrer durante a gravidez, nas primeiras seis semanas após o parto ou em qualquer altura da vida.

A pré-triagem telefónica deverá ser feita preferencialmente por enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica, indica a portaria, acrescentando que os hospitais usarão os mesmos algoritmos da Linha SNS Grávida/Ginecologia na triagem presencial da urgência, que prevalecerá sobre a triagem telefónica.

Os hospitais poderão adicionalmente criar uma pré-triagem telefónica própria, em articulação direta com a linha SNS Grávida/Ginecologia, acrescenta.

Mas há exceções para situações com forte suspeita de poderem representar risco iminente de vida, designadamente a perda de consciência, convulsões, dificuldade respiratória, hemorragia abundante, traumatismo grave ou dores muito intensas.

O Governo sublinha a necessidade de adotar medidas que promovam “uma forma racional” de canalizar a procura dos cuidados de saúde para os locais mais apropriados, retirando as situações não urgentes das urgências de Obstetrícia e Ginecologia.

A portaria estabelece ainda condições para hospitais que possam querer juntar-se a este projeto-piloto, como, por exemplo, terem consulta aberta hospitalar para situações obstétricas e ginecológicas em horário adaptável à procura, mas em funcionamento todos os dias úteis, assim como criarem um mecanismo para agendamento célere na consulta aberta hospitalar, nas consultas abertas nos Cuidados de Saúde Primários e em consultas regulares no hospital.

Devem ainda integrar algoritmos nos registos informáticos da triagem das urgências, formar os enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica alocados à triagem na utilização dos algoritmos, colocar cartazes informativos na porta de entrada da urgência de Obstetrícia e Ginecologia e disponibilizar um telefone junto da entrada para que as utentes possam contactar a linha SNS 24.

Na portaria, o Governo lembra que o número de atendimentos diários nas urgência de Obstetrícia e Ginecologia do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é “consideravelmente superior” ao dos países do Norte e Centro da Europa, considerando que tal se deve, em grande medida, “à ausência de controlo no acesso à urgência”.

“Este fenómeno resulta do facto de as urgências serem percecionadas pela população como locais de atendimento especializado permanentemente à disposição, com apoio imagiológico e laboratorial completo, sem custos, sendo frequentemente procuradas para aconselhamento de todo o tipo de situações obstétricas e ginecológicas”, acrescenta.

Reconhece que esta oferta alargada e permanente de cuidados especializados, apesar de parecer vantajosa, tem contribuído para o prolongamento de tempos de espera em casos verdadeiramente urgentes, além de colocar uma “pressão insustentável” sobre os recursos humanos, resultando em sobrecarga e situações de rotura nas equipas de saúde, com impactos negativos na qualidade dos cuidados prestados.

Esta pré-triagem telefónica já estava prevista no Plano de Reorganização para as Urgências de Obstetrícia e Ginecologia e de Pediatria apresentado em outubro, depois de no verão as urgências de Obstetrícia/Ginecologia e de Pediatria terem voltado a registar dificuldades de funcionamento, devido à falta de especialistas para preencher as escalas, o que levou ao encerramento parcial ou a constrangimentos nos serviços.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Nova Presidência da ANEM reclama Inventário Nacional de Profissionais de Saúde

Paulo Simões Peres, estudante do 6º ano do Mestrado Integrado de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) acaba de assumir a Presidência da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) para o mandato de 2025 e anunciou, como uma das grandes prioridades do próximo ano, a concretização do planeamento de recursos humanos em Saúde, para o qual é fundamental o Inventário Nacional de Profissionais de Saúde.

P-BIO reforça compromisso com as Doenças Raras através de um novo Position Paper

A Associação Portuguesa de Bioindústria (P-BIO) lançou um novo Documento de Posição dedicado às Doenças Raras, com uma atualização de princípios. Intitulado “Pelos doentes e pelo desenvolvimento económico de Portugal, a oportunidade existe”, o documento elaborado pelo Grupo de Trabalho das Doenças Raras (GTDR) reforça a importância de uma abordagem integrada e equitativa no tratamento das doenças raras em Portugal.

MAIS LIDAS

Share This