Farmacêuticos residentes pedem carreira mais atrativa em carta aberta a Montenegro

17 de Dezembro 2024

Os farmacêuticos residentes do Serviço Nacional de Saúde escreveram ao primeiro-ministro para reivindicar o aumento urgente da remuneração da residência farmacêutica, que querem ver integrada na carreira, e a valorização da formação continua.

Numa carta aberta a que a Lusa teve acesso, a Associação Portuguesa de Farmacêuticos Residentes (APFR) lembra que o decreto-lei de 2020 que definiu a formação farmacêutica pós-graduada continua por regulamentar, sublinhando que nenhuma medida efetiva foi tomada para solucionar os problemas apontados.

A APFR, que representa 90% dos farmacêuticos residentes, aponta a falta de atratividade da residência farmacêutica (especialização) e dá como exemplo as vagas por preencher na primeira fase do concurso para colocações em 2025.

“É um sinal claro de que o programa não está a atrair os profissionais de que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) necessita”, refere a associação, considerando que a abertura de um concurso excecional para ocupação de vagas, “sem qualquer base legal”, reforça a gravidade da situação.

Diz ainda que a falta de condições adequadas e a desvalorização da especialização estão a levar muitos farmacêuticos residentes a abandonar o programa formativo.

“É incompreensível que um farmacêutico que decide investir quatro anos da sua vida numa especialização, com o objetivo de prestar cuidados de saúde de maior qualidade à população, seja remunerado de forma inferior a um colega que opta por exercer a profissão de forma generalista”, recorda a APFR.

Esta situação “contrasta com a realidade de outros países europeus, como Espanha e França, onde os especialistas são devidamente valorizados e remunerados”, acrescenta.

Na carta aberta dirigida a Luis Montenegro, a APFR diz que o SNS “corre o risco de perder um capital humano altamente qualificado” e, para que isso não aconteça, pede o aumento urgente da remuneração da residência, considerando que “os valores atuais são insuficientes para garantir uma vida digna aos residentes”, especialmente aos deslocados.

A associação defende ainda a revisão da carreira farmacêutica para “valorizar a especialização e a experiência” e a integração da residência farmacêutica na carreira farmacêutica, defendendo a necessidade de “um plano de carreira que incentive os farmacêuticos a permanecerem no SNS e a progredirem profissionalmente”.

Defende que a especialização “é essencial para garantir que os farmacêuticos se mantenham atualizados e possam prestar cuidados de saúde de excelência” e que a situação da residência farmacêutica ”é urgente e exige uma intervenção imediata do Governo”.

Na carta aberta, a associação apela ao primeiro-ministro para que “tome as medidas necessárias” para garantir a valorização dos farmacêuticos residentes e a sustentabilidade do SNS.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

ADSE aumenta reembolsos pelas consultas e revê preços em 2025

A ADSE avançou com mudanças para dar mais benefícios em 2025, nomeadamente um limite aos custos suportados com cirurgias no regime convencionado, um aumento dos reembolsos pagos pelas consultas no regime livre e a revisão de alguns preços.

MAIS LIDAS

Share This