Uso de biossimilares nos hospitais públicos poupou pelo menos 145 M€ em 2024

30 de Janeiro 2025

O uso nos hospitais públicos de medicamentos biossimilares em cinco substâncias ativas com indicações para, por exemplo, cancro de mama e do intestino, conseguiu no ano passado uma poupança de 145 milhões de euros, segundo uma análise do Infarmed.

De acordo com os dados a que a Lusa teve acesso, este estudo da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde abrangeu cinco substâncias ativas de uso hospitalar – Adalimumab, Trastuzumab, Bevacizumab, Infliximab e Rituximab – com indicações para cancro da mama e do intestino, doenças hemato-oncológicas e doenças autoimunes, entre outras.

A poupança estimada pelo Infarmed considerou os doentes atualmente em tratamento.

Embora normalmente o número de doentes aumente com a introdução de biossimilares, e a consequente acessibilidade, os dados “refletem o potencial significativo desses medicamentos”, considera a autoridade de saúde.

Um medicamento biossimilar é desenvolvido de modo a ser similar a um medicamento biológico existente que já foi aprovado e utilizado na União Europeia e é designado por medicamento de referência.

Na informação enviada à Lusa, o Infarmed reconhece que a adoção destes medicamentos “enfrenta ainda desafios”, com variações na utilização entre hospitais e substâncias ativas.

“Para que o potencial dos biossimilares seja plenamente alcançado, é fundamental continuar uma estratégia de sensibilização de profissionais de saúde e utentes, e de políticas que fomentem a competitividade no setor”, acrescenta.

Esta análise do Infarmed foi apresentada no Biosimilar Multistakeholder Event, evento organizado pela DG SANTE, Comissão Europeia, em Bruxelas.

“A análise apresentada reforça a importância dos biossimilares no SNS [Serviço Nacional de Saúde], o seu impacto financeiro nos últimos anos e as medidas adotadas para promover sua utilização”, sublinha o Infarmed.

Em novembro do ano passado, a Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (APOGEN) alertou para uma regressão no uso de medicamentos biossimilares pelos hospitais entre 2021 e 2023, identificando diversas barreiras ao aproveitamento das potencialidades destes fármacos no SNS.

Citando dados do ‘benchmark’ da autoridade nacional do medicamento, a associação lamentava que o mercado nacional de medicamentos biossimilares em contexto hospitalar apresentasse quotas de mercado heterogéneas, com valores de utilização entre os 5,1% e 100%.

Na nota divulgada na altura, a presidente da APOGEN considerava fulcral “reforçar o papel e a relação da Comissão de Farmácia e Terapêutica com os conselhos de administração dos hospitais do SNS, assim como promover esclarecimentos e orientações dadas pelo Ministério da Saúde, à medida que vão surgindo novos medicamentos biossimilares”, fármacos altamente similares ao seu medicamento biológico de referência, que só podem ser comercializados após expirar a patente.

A associação recomendava a formação dos profissionais nos hospitais do SNS sobre os medicamentos biossimilares, especialmente em novas áreas terapêuticas logo que estes fármacos estejam disponíveis.

Segundo dados do setor, dos 26 medicamentos biológicos de referência cuja patente expira até 2032, apenas 33% irão ter alternativa nos fármacos biossimilares.

LUSA/HN

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Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

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