EUA congelam o financiamento da missão multinacional de polícia no Haiti

5 de Fevereiro 2025

Os Estados Unidos pediram às Nações Unidas que congelassem imediatamente a sua contribuição para o fundo destinado a financiar a missão multinacional de ajuda à polícia haitiana a lutar contra os gangues, anunciou hoje a ONU.

“Recebemos uma notificação oficial dos Estados Unidos da suspensão imediata da sua contribuição (financeira) para a força multinacional de apoio à segurança”, disse Stéphane Dujarric, dando esta notificação como um exemplo do impacto do congelamento geral da ajuda internacional americana anunciado por Donald Trump.

Em outubro de 2023, o Conselho de Segurança da ONU tinha dado luz verde à Missão Internacional de Apoio à Segurança (MMAS), liderada pelo Quénia, para ajudar a polícia haitiana, que tinha sido esmagada pela violência dos gangues.

A MMAS não é uma força da ONU, mas a ONU criou um fundo voluntário para a financiar, que até à data angariou 110 milhões de dólares, uma soma considerada largamente insuficiente.

Com 15 milhões de dólares, os Estados Unidos foram o segundo maior contribuinte para este fundo, atrás do Canadá (63 milhões).

Dos 15 milhões de dólares contribuídos por Washington, 1,7 milhões já foram gastos, disse Stéphane Dujarric, indicando que os restantes 13,3 milhões estão agora “congelados”.

No âmbito do MMAS, apenas cerca de 800 polícias de seis países foram progressivamente destacados desde o verão passado, dos 2500 previstos. Os ataques dos gangues que, segundo a ONU, já controlam 85% da capital, não parecem ter diminuído desde então.

Neste contexto, as autoridades haitianas de transição pedem que a missão seja transformada numa força de paz da ONU.

Logo após a sua tomada de posse, a 20 de janeiro, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspendeu a ajuda externa durante três meses, para permitir uma revisão completa da ajuda, nomeadamente para detetar programas que promovam a diversidade ou o aborto.

No início de janeiro, a ONU anunciou que mais de 5,6 mil pessoas foram mortas pela violência de gangues. O Escritório de Direitos Humanos documentou 315 linchamentos de membros de gangues e pessoas supostamente associadas; pelo menos 281 casos de alegadas execuções sumárias envolveram unidades policiais especializadas.

A violência de gangues no Haiti fez com que mais de 6 milhões de pessoas, quase metade da população, precisem de ajuda humanitária. Mais de um milhão de pessoas estão deslocadas e cerca de 2 milhões sofrem de insegurança alimentar grave, incluindo 6.000 pessoas em estado de fome, segundo dados da ONU.

NR/HN/Lusa

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