Investigação descobre mecanismos cerebrais que podem ajudar no tratamento de perturbação de stresse pós-traumático e ansiedade

7 de Fevereiro 2025

Uma equipa de investigadores do Sainsbury Wellcome Centre (SWC) da University College London revelou, num estudo publicado na revista Science, os mecanismos cerebrais que permitem aos animais suprimir reações instintivas de medo. 

Esta descoberta poderá abrir novas possibilidades para o desenvolvimento de terapias destinadas a tratar a perturbação de stresse pós-traumático (PTSD) e a ansiedade.

Sara Mederos, investigadora do SWC e coautora do estudo, explica que “os seres humanos nascem com reações instintivas de medo, como a resposta a ruídos fortes ou a objetos que se aproximam rapidamente”. No entanto, destaca que é possível anular essas reações através da experiência, como demonstrado quando as crianças aprendem a apreciar os fogos de artifício em vez de temer o seu barulho.

Para investigar como o cérebro aprende a suprimir essas respostas de medo, a equipa estudou ratos expostos a uma sombra em expansão que simulava um predador aéreo. Inicialmente, os ratos reagiram com medo, mas após várias exposições sem perigo real, aprenderam a manter a calma, proporcionando um modelo eficaz para estudar a supressão do medo.

Os investigadores identificaram que uma área do cérebro, o núcleo geniculado ventrolateral (vLGN), tem um papel crucial na supressão das reações de medo. A pesquisa revelou que regiões específicas do córtex visual são essenciais para este processo de aprendizagem, e que o vLGN é responsável por armazenar as memórias induzidas pela aprendizagem.

Além disso, a equipa descobriu os mecanismos celulares e moleculares envolvidos: a aprendizagem é desencadeada por um aumento da atividade neuronal em neurónios do vLGN, impulsionada pela libertação de endocanabinoides, que regulam o humor e a memória. Este processo diminui a entrada inibitória nos neurónios da área, resultando num aumento da atividade cerebral frente a estímulos de ameaça visual, o que suprime as respostas de medo.

“Os nossos resultados podem ajudar a compreender melhor o que acontece no cérebro quando a regulação da resposta ao medo é prejudicada em condições como fobias, ansiedade e PTSD”, afirma o Professor Hofer, autor principal do estudo. A equipa está agora a planear colaborações com investigadores clínicos para estudar estes circuitos cerebrais em humanos, com a esperança de desenvolver tratamentos específicos para perturbações relacionadas com o medo e a ansiedade

lusa/NR/HN

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