Cerca de sete mil famílias afetadas por crise alimentar no sul de Moçambique

11 de Fevereiro 2025

Cerca de sete mil famílias do distrito de Massingir, na província de Gaza, no sul de Moçambique, enfrentam uma crise alimentar causada pelos efeitos do fenómeno climático El Niño, avançou a administradora local.

Além da seca, associada ao fenómeno climático, as comunidades do distrito de Massingir enfrentam ainda o problema da destruição de culturas agrícolas por animais bravios e a eclosão da febre aftosa nos animais, disse Esmeralda Mutemba, citada hoje pela comunicação social.

A administradora explicou que, com a falta de chuva, o distrito enfrenta ainda problemas no pasto e no acesso à água para o gado.

“Durante 90 dias não tínhamos a possibilidade de venda de gado”, acrescentou.

De acordo com a representante, ao nível do distrito, não há esperança de recuperação das culturas agrícolas referentes à campanha agrária 2024-2025, apesar da chuva que cai nas últimas semanas.

As autoridades no centro de Moçambique também têm alertado para os casos de insegurança alimentar nos últimos dias.

Cerca de 99 mil pessoas no distrito de Caia, na província de Sofala, centro de Moçambique, enfrentam insegurança alimentar devido aos impactos do fenómeno climático El Niño, disse o administrador local.

Dos habitantes do distrito, 99.347 pessoas estão em situação de insegurança alimentar e a maior parte são das povoações de Chatala e Magagade, nos postos administrativos de Sena e Murassa, disse Nobre dos Santos.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estimou recentemente que cerca de 4,8 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária em Moçambique, sendo necessários 64 milhões de dólares (60,6 milhões de euros) para responder às necessidades.

“As múltiplas crises afetando atualmente Moçambique – conflito, seca e emergências de saúde pública – estão a sobrecarregar os recursos humanitários. Cerca de 4,8 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária (10% de pessoas com deficiência), incluindo 3,4 milhões de crianças”, lê-se num comunicado da Unicef.

Em setembro, a Organização das Nações Unidas (ONU) avançou que perto de dois milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária no país.

“Neste ano, Moçambique foi afetado pela seca induzida pelo fenómeno El Niño, durante a época 2023-2024. Estima-se que cerca de 1,8 milhões de pessoas possam enfrentar insegurança alimentar entre outubro próximo e março de 2025. Face a esta situação, a necessidade de assistência humanitária para as comunidades afetadas tem estado a aumentar, sobretudo nas regiões centro e sul de Moçambique”, explicou a organização.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

O El Niño é uma alteração da dinâmica atmosférica causada por um aumento da temperatura oceânica. Este fenómeno meteorológico está também a provocar chuvas torrenciais na África oriental, que já causaram centenas de mortos em vários países, como Quénia, Burundi, Tanzânia, Somália e Etiópia.

LUSA/HN

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Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

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