Genebra aprova ajuda de emergência para várias ONG em crise após cortes dos EUA

15 de Fevereiro 2025

A assembleia local de Genebra aprovou um fundo financeiro de emergência no valor de 10 milhões de francos suíços (10,5 milhões de euros) para as ONG da cidade afetadas pela suspensão da ajuda humanitária dos EUA.

A ajuda, apresentada pelo governo na quarta-feira e aprovada hoje, apesar da oposição de conservadores e liberais, terá uma duração de três meses e visa manter parte dos salários dos trabalhadores afetados pelas decisões de Washington, ordenada pelo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) de Elon Musk.

Cerca de 470 ONG operam em Genebra, tendo em conta a presença na cidade de importantes instituições humanitárias e de ajuda da ONU, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e a Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR), que também são afetadas pelos cortes.

De acordo com a agência noticiosa suíça ATS, que cita comunicações internas dos diretores destas agências aos seus empregados, a OIM poderá despedir cerca de 3.000 trabalhadores, especialmente nos trabalhos de recolocação de migrantes, e o ACNUR receia perder cerca de 600 empregados em funções diretamente relacionadas com a ajuda americana.

A OMS, da qual os Estados Unidos anunciaram a sua saída no mesmo dia em que Donald Trump se tornou presidente, a 20 de janeiro, também informou os seus funcionários de medidas de redução de custos, como o congelamento de novas contratações, embora ainda não tenha falado diretamente de despedimentos.

Cerca de 35.000 pessoas trabalham em organizações internacionais e ONG em Genebra e, em média, um quarto dos seus orçamentos provém da ajuda dos EUA, frequentemente o maior doador.

A agência norte-americana USAID gere um orçamento de 42,8 mil milhões de dólares, que, por si só, representa 42% da ajuda humanitária desembolsada em todo o mundo.

Donald Trump assinou uma ordem executiva no dia da tomada de posse, a 20 de janeiro, congelando a ajuda externa dos EUA durante 90 dias.

O congelamento da ajuda norte-americana e o desmantelamento previsto da agência que a organiza, a USAID, afetaram muitos organismos em todo o mundo, dada a importância dos fundos norte-americanos para a ajuda internacional à escala global.

Também a ONG francesa Action contre la Faim (ACF) anunciou na quarta-feira que teve de suspender 50 dos projetos em todo o mundo, enquanto a organização norueguesa Norsk Folkehjelp, especializada em operações de desminagem (minas militares terrestres), vai reduzir a força de trabalho em mais de metade e despedir 1.700 funcionários em doze países.

NR/HN/Lusa

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Promessas por cumprir: continua a falta serviços de reumatologia no SNS

“É urgente que sejam cumpridas as promessas já feitas de criar Serviços de Reumatologia em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde” e “concretizar a implementação da Rede de Reumatologia no seu todo”. O alerta foi dado pela presidente da Associação Nacional de Artrite Reumatoide (A.N.D.A.R.) Arsisete Saraiva, na sessão de abertura das XXV Jornadas Científicas da ANDAR que decorreram recentemente em Lisboa.

Consignação do IRS a favor da LPCC tem impacto significativo na luta contra o cancro

A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) está a reforçar o apelo à consignação de 1% do IRS, através da campanha “A brincar, a brincar, pode ajudar a sério”, protagonizada pelo humorista e embaixador da instituição, Ricardo Araújo Pereira. Em 2024, o valor total consignado pelos contribuintes teve um impacto significativo no apoio prestado a doentes oncológicos e na luta contra o cancro em diversas áreas, representando cerca de 20% do orçamento da LPCC.

IQVIA e EMA unem forças para combater escassez de medicamentos na Europa

A IQVIA, um dos principais fornecedores globais de serviços de investigação clínica e inteligência em saúde, anunciou a assinatura de um contrato com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para fornecer acesso às suas bases de dados proprietárias de consumo de medicamentos. 

SMZS assina acordo com SCML que prevê aumentos de 7,5%

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) assinou um acordo de empresa com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) que aplica um aumento salarial de 7,5% para os médicos e aprofunda a equiparação com a carreira médica no SNS.

“O que está a destruir as equipas não aparece nos relatórios (mas devia)”

André Marques
Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights