Misericórdia de Lisboa vai ampliar Serviço Odontopediátrico para abranger mais crianças

20 de Março 2025

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa vai ampliar o Serviço Odontopediátrico de Lisboa para dar resposta a mais crianças e melhorar os tempos de resposta, anunciou hoje o fundador da clínica que presta cuidados de saúde oral gratuitos.

Foi em 2019 que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) lançou este equipamento pioneiro e único no país, que conta com mais de 21.500 utentes, entre os zero e os 18 anos, de 76 nacionalidades.

O Serviço Odontopediátrico de Lisboa (SOL) foi fundado por André Brandão de Almeida, atual administrador da Santa Casa com o pelouro da Saúde e coordenador do SOL até 2024, com o propósito de promover a saúde oral e prevenir a doença, prestando cuidados gratuitos a todas as crianças e jovens que residem ou estudam no concelho de Lisboa.

Em entrevista à agência Lusa no SOL, a propósito do Dia Mundial da Saúde Oral, hoje assinalado, André Brandão de Almeida disse que o investimento anual da SCML neste projeto ronda os 1,2 milhões de euros, mas avançou que o objetivo é “mudar um bocadinho o paradigma desse financiamento”.

“Estamos a fazer tudo, projetos, para sairmos deste espaço [na Avenida Almirante Reis] e irmos ocupar um espaço da Misericórdia e, por essa via, vamos poupar”, adiantou.

Mas, por outro lado, o aumento da capacidade para melhorar os tempos de resposta vai obrigar à contratação de mais profissionais, o que irá representar um aumento dos gastos com pessoal.

O administrador adiantou que a Santa Casa está, neste momento, “à procura de parceiros que possam, de alguma maneira, se juntarem neste esforço”, nomeadamente as Unidades Locais de Saúde São José, Santa Maria e Lisboa Ocidental, que prestam cuidados na cidade, e a Câmara Municipal de Lisboa.

“Achamos que devemos falar com esses parceiros porque é do interesse de todos manter a resposta e que também possa crescer”, salientou.

Numa resposta complementar ao Serviço Nacional de Saúde, o SOL tem registado uma procura crescente, tendo realizado, desde que abriu em agosto de 2019, mais de 155 mil consultas, numa média de 180 por dia.

André Brandão de Almeida destacou que, numa cidade onde existem cerca de 90 mil crianças e jovens até aos 18 anos, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, apoiar mais de 21.000 já é “um aporte grande” nesta resposta, mas disse ser possível chegar aos 50.000.

“Ainda estamos um bocadinho longe mas estamos a crescer bastante”, o que se reflete na lista de espera, que o serviço vai conseguindo resolver, priorizando os casos urgentes e garantindo um tempo de resposta curto para a primeira consulta, geralmente uma ou duas semanas, conforme a disponibilidade dos pais, e seguindo critérios de prioridade.

Se o tratamento for “muito básico” e não urgente, o utente pode esperar dois a três meses pela próxima consulta, enquanto os que só precisam de acompanhamento são agendados a cada seis meses ou anualmente, caso tenham “uma higiene oral impecável”.

Também foi estabelecido um protocolo interno em que cada profissional bloqueia cinco horas da sua agenda de 35 horas semanais para atender casos prioritários.

Para o também médico dentista, “o ideal” seria conseguir observar todos os utentes num espaço de duas, três semanas. Daí a necessidade de mudar de instalações para instalar mais recursos e mais profissionais.

No Sol, as portas estão abertas para todas as crianças da cidade: “Agora usa-se muito a expressão não deixar ninguém para trás. Aqui aplica-se verdadeiramente isso”.

“Também está numa área geográfica da cidade muito propícia a isso. Neste momento temos utentes de cerca de 76 nacionalidades, o que revela bem o caráter multicultural da cidade e essas pessoas podem contar connosco”, vincou.

O serviço também procurou desburocratizar o acesso: “Basta ser criança, não nos interessa se o pai nasceu no Bangladesh ou no Reino Unido ou na Austrália ou, se nasceu em Lisboa, se é benfiquista, sportinguista ou portista (…) nós estamos aqui para dar resposta às necessidades”.

A consulta poder ser marcada via online, através do site da Santa Casa ou do SOL, por telefone, e-mail ou presencialmente.

Após essa comunicação, na primeira consulta vai ser solicitado a quem acompanha a criança que faça prova da condição da idade e que reside na cidade, apresentando o cartão de cidadão ou uma declaração de domicílio fiscal.

lusa/HN

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