Especialistas e doentes apelam à inclusão da vacina contra a zona no Programa Nacional de Vacinação

21 de Março 2025

Três sociedades científicas e seis associações de doentes apelaram hoje, através de uma petição, para a inclusão da vacina contra a zona no Programa Nacional de Vacinação (PNV), lamentando a falta de medidas para proteger a população da doença.

As entidades afirmam, em comunicado, que “o tempo da saúde não pode esperar pelo tempo da política”, que “há mais de um ano” que a vacina contra a zona espera para ser incluída no PNV e que a vacina está comprovada cientificamente e a sua proteção é eficaz por mais de 11 anos.

“Esta vacina já foi incluída nos calendários vacinais de 13 países europeus, ao contrário de Portugal, que mantém esta prevenção como um privilégio de quem pode pagar, uma discriminação económica num país que tem como pilar a equidade no acesso à saúde”, afirmam.

O apelo é feito pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar; Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo; Sociedade Portuguesa de Pneumologia; PSO Portugal; Liga Portuguesa contra as Doenças Reumáticas; Respira – Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas; Associação Portuguesa Contra a Leucemia; Grupo de Ativistas em Tratamentos e APIR – Associação Portuguesa de Insuficientes Renais.

Apelando para que os doentes “não sejam deixados para trás”, numa altura de “instabilidade política”, os peticionários recordam que a vacinação contra a zona não tem qualquer comparticipação, representando um encargo para o utente correspondente a cerca de 70% do indexante dos apoios sociais (IAS).

“Entre julho de 2023 e junho de 2024, 62.985 adultos foram diagnosticados e necessitaram de cuidados de saúde na sequência de um episódio de zona, o que acarreta um ónus não apenas físico, mas também económico para o Serviço Nacional de Saúde”, referem, acrescentando que “o custo anual estimado da doença chega aos 10,2 milhões de euros”.

Os organismos salientam que o custo “inclui custos diretos de 7,2 milhões de euros anuais, 560.696 euros dos quais em internamentos (média de 13,7 dias por doente) e custos indiretos, com o absentismo laboral causado pela doença, que tem um impacto superior a 2,4 milhões de euros por ano”.

A zona é uma doença que pode afetar uma em cada três pessoas, provocando dor intensa e podendo levar à perda de visão, dificuldades motoras e outros impactos graves na qualidade de vida.

As associações lamentam ainda que Governo, Parlamento e Direção-Geral da Saúde permaneçam “em silêncio”, apesar dos vários pedidos de esclarecimento, “enquanto os portugueses continuam vulneráveis e desprotegidos”.

Os signatários da petição reiteram que a vacina seja integrada no PNV em conformidade com as recomendações técnico-científicas estabelecidas.

Aceder aqui

NR/lusa/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Álvaro Santos Almeida: “Desafios globais da saúde na próxima década”

Álvaro Santos Almeida, Diretor Executivo do Serviço Nacional de Saúde, destacou hoje, no Cascais International Health Forum 2025 os principais desafios globais da saúde para a próxima década, com ênfase no envelhecimento populacional, escassez de profissionais e a necessidade de maior eficiência no setor.

Boletim Polínico: um guia essencial para os doentes alérgicos

Elaborado pela Rede Portuguesa de Aerobiologia (RPA) – um serviço da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) para a comunidade – “o Boletim Polínico pode ajudar os doentes alérgicos a estarem mais atentos e alerta sobre as épocas de polinização das plantas a que são alérgicos e, como tal, tomarem as devidas precauções e seguirem os conselhos dos imunoalergologistas que os acompanham na gestão da doença”, refere Cláudia Penedos, da SPAIC.

Giovanni Viganò: “Itália como laboratório para inovar e implementar reformas no envelhecimento populacional”

Giovanni Viganó, consultor sénior e perito em políticas públicas no Programma Mattone Internazionale Salute (ProMIS), destacou no Cascais International Health Forum 2025 os desafios do envelhecimento populacional e a gestão de doenças crónicas, sublinhando a necessidade de políticas inovadoras e sustentáveis para garantir a viabilidade dos sistemas de saúde em países como Itália e Portugal.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights