Sudão do Sul vive pior epidemia de cólera dos últimos 20 anos

24 de Março 2025

O Sudão do Sul está a viver a pior epidemia de cólera dos últimos 20 anos, com mais de 40.000 casos e 694 mortes em quase seis meses, anunciou hoje a Unicef.

O Estado mais jovem do mundo, muito afetado pela instabilidade que tem vivido desde que se tornou independente do Sudão, em 2011, declarou uma epidemia de cólera em 2024.

“De 28 de setembro de 2024 a 18 de março de 2025, foram notificados mais de 40.000 casos no Sudão do Sul, incluindo 694 mortes em todo o país, a pior epidemia dos últimos 20 anos”, afirmou o fundo das Nações Unidas para a infância, em comunicado. As crianças com menos de 15 anos representam 50% dos casos, acrescenta-se no comunicado.

Angola, que também atravessa uma grave epidemia, registou mais de oito mil casos e mais de 300 mortes desde o início do ano.

Os confrontos entre o Governo do Sudão do Sul e os grupos armados no Alto Nilo (nordeste) estão a agravar a epidemia há várias semanas, alertaram os Médicos Sem Fronteiras (MSF) no início deste mês.

A violência já obrigou à deslocação de 50.000 pessoas desde o final de fevereiro, afirmou o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA), na semana passada. E a ONU advertiu que o país estava “à beira de uma recaída da guerra civil”.

A cólera é uma infeção intestinal aguda transmitida por alimentos e água contaminados com a bactéria Vibrio cholerae, frequentemente de origem fecal.

Provoca diarreia grave, vómitos e cãibras musculares e pode matar em poucas horas se não for tratada, apesar de uma simples reidratação oral e com antibióticos, nos casos mais graves, resolver os problemas do doente e curar.

De acordo com os dados da UNICEF, foram confirmados mais de 178.000 casos de cólera em 16 países da África Oriental e Austral entre janeiro de 2024 e março de 2025.

Cerca de 2.900 pessoas morreram, muitas das quais crianças, alertou a organização.

lusa/HN

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