A diretora executiva da Plataforma Saúde em Diálogo, que promoveu o Saúde Mental 360º Algarve nos últimos 18 meses, com financiamento da Fundação Belmiro de Azevedo, disse à agência Lusa que o “sucesso” do projeto já permitiu assegurar a sua continuidade por mais três anos, mas é ainda preciso envolver os serviços públicos de saúde primários para medir o impacto nos resultados clínicos ou na sustentabilidade do sistema.
Joana Viveiro reconhece que o “único obstáculo” passa por “envolver diretamente os cuidados primários”, porque, além da criação de um plano de ação para os utentes, era útil avaliar também “o impacto desta intervenção” nos “resultados clínicos” e na “sustentabilidade do sistema”, justificou.
“E para isso falta-nos essa ligação com o SNS [Serviço Nacional de Saúde], que gostávamos de ter e que é sempre muito complicado”, argumentou, esclarecendo que seria “importante também perceber o resultado destas intervenções em termos de resultados clínicos, idas às consultas, idas às urgências”.
Criado para promover a saúde mental da população idosa vulnerável do Algarve com uma abordagem de proximidade com os cidadãos, o projeto permitiu avaliar as necessidades individuais e as vontades dos utentes para fazer depois um plano de ação personalizado com atividades destinadas a melhorar a sua saúde mental e bem-estar, explicou Joana Viveiro.
A diretora executiva acrescentou que foram realizadas “atividades de capacitação, de autonomia, muito direcionadas para o desenvolvimento mental saudável e com foco na saúde mental”, num trabalho que envolveu psicólogos, nutricionistas ou técnicos de atividade física e que contou com a colaboração de 13 parceiros, entre eles as Câmaras de Faro, Loulé e Olhão e a Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa.
Ao longo de ano e meio do projeto, foram feitos 730 atendimentos psicossociais, 272 consultas de diagnóstico e 860 atividades, promovendo o auto cuidado, o desenvolvimento de competências socioemocionais ou estimulação cognitiva, tendo sido também realizadas sessões abertas à comunidade de sensibilização para temas de saúde mental, assinalou.
Os dados constam do relatório de avaliação de impacto do projeto, realizada pela Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, que hoje é apresentado no auditório da Unidade Local de Saúde (ULS) do Algarve, em Faro.
Joana Viveiro considerou que as expectativas foram alcançadas e que foi possível “impactar a qualidade de vida e o bem-estar mental” dos utentes, que “relataram melhorias” no aspeto físico e terem sentido um impacto ainda “maior” no bem-estar mental.
“É um balanço claramente positivo e também é importante este tipo de iniciativas envolverem vários parceiros, desde o poder local às IPSS [Instituições Particulares de Solidariedade Social], e estarmos muito alinhados nesta causa”, disse a diretora executiva da Plataforma Saúde em Diálogo.
Joana Viveiro adiantou que a equipa que trabalha no projeto, que conta com oito colaboradores, vai ter de ser reforçada para prosseguir o trabalho, estando já a ser preparado no terreno a continuidade do projeto por mais 36 meses, envolvendo também, os municípios de Tavira e Vila do Bispo, que se juntam aos de Faro, Loulé e Olhão.
lusa/HN
0 Comments