No total, sete profissionais deixarão a ULSGE entre os meses de junho e julho, após o então diretor ter apresentado a sua demissão a 1 de maio. Após esse momento, seguiu-se um pedido de rescisão de contrato e a instauração de um processo disciplinar por parte da administração da unidade de saúde.
Contactada pela agência Lusa, fonte oficial da ULSGE informou que foi nomeado interinamente um novo diretor, o neurorradiologista de intervenção Manuel Ribeiro, estando em curso diligências por parte da direção de serviço e do conselho de administração para assegurar uma transição célere e minimizar o impacto na prestação de cuidados.
Pedro Sousa confirmou à Lusa que o seu vínculo termina hoje, explicando que os restantes elementos da equipa cumprem os períodos de aviso prévio legalmente previstos: alguns concluem funções a 18 de junho e outros, com contratos superiores a dois anos, a 18 de julho.
Quanto aos motivos que o levaram a sair da direção de serviço, Pedro Sousa apontou divergências estratégicas com o atual conselho de administração da ULSGE, que considerou traduzirem-se numa situação de “inoperância” e paralisia dos projetos em curso. A quebra de confiança institucional terá sido, segundo o médico, o ponto de rutura, nomeadamente por alterações na constituição do júri de contratação de recém-especialistas em neurorradiologia, prática que afirma ter estado em vigor nos últimos cinco anos.
A administração da ULSGE sofreu mudanças em fevereiro deste ano, com a substituição do anterior presidente, Rui Guimarães, pelo atual presidente Luís Cruz Matos, ex-administrador executivo do Hospital da Prelada, da Santa Casa da Misericórdia do Porto. Pedro Sousa foi um dos profissionais que subscreveram cartas dirigidas à tutela, ainda antes da nomeação do novo conselho, apelando à continuidade da gestão anterior.
No seguimento da sua demissão, foi instaurado um processo disciplinar a Pedro Sousa, que o próprio associa a um alegado incómodo da administração com a sua decisão tornada pública. No entanto, a ULSGE justifica a abertura do processo com uma alegada violação do Regulamento Geral da Proteção de Dados (RGPD), referindo que estão em causa situações de divulgação de documentação interna a entidades externas, sem enquadramento legal e com impacto na privacidade de vários profissionais da instituição.
Apesar da saída da equipa, a ULSGE garante que a continuidade da prestação de cuidados está assegurada, tendo sido acionados mecanismos de articulação com outras unidades da região Norte. Esta unidade serve uma população que excede os limites geográficos da própria ULSGE.
A nomeação de Manuel Ribeiro insere-se num processo mais alargado de renovação das comissões de serviço, iniciado a 8 de maio e que abrange todas as direções de serviço da instituição, por imposição legal decorrente do termo de mandato do anterior conselho de administração.
A ULSGE reforça que a URI representa um investimento estratégico do Serviço Nacional de Saúde, com recursos provenientes do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), quer em equipamentos, quer na formação diferenciada de profissionais. Sublinha ainda que alguns dos elementos agora demissionários concluíram recentemente o seu processo de formação especializada.
lusa/HN
0 Comments