Primeira equipa hospitalar exclusiva para urgência mostra resultados positivos ao fim de um ano

17 de Junho 2025

A primeira equipa hospitalar dedicada apenas à urgência conseguiu no primeiro ano de funcionamento melhorar em 10% os tempos de espera, reduzir os casos não urgentes e reforçar a resposta aos doentes graves, anunciou hoje a ULS São José.

Ao fim do primeiro ano de funcionamento, o Centro de Responsabilidade Integrada do Serviço de Urgência (CRISU) da ULS São José, em Lisboa, apresenta resultados que confirmam uma “aposta ganha”, disse à agência Lusa a administradora hospitalar Miriam Viegas.

“Este projeto-piloto trouxe à urgência a possibilidade de organizar o trabalho de forma diferente, mais flexível, com a capacidade de retenção e captação de profissionais, que permitiu realmente melhorar alguns dos resultados do maior serviço de urgência do país”, salientou a administradora do CRISU.

Miriam Viegas apontou que, em termos de espera para o primeiro atendimento médico, houve uma melhoria de 10%: Cerca de 80% dos utentes conseguem ser atendidos dentro do tempo alvo determinado, após triagem pelo enfermeiro.

A saída da urgência também foi otimizada, com um aumento de 32% no reencaminhamento para ambulatório programado, seja nos cuidados de saúde primários, hospitalares, consulta pós-urgência ou hospital de dia.

No balanço feito à Lusa, Miriam Viegas também destacou a redução em cerca de 5% da taxa de utilizadores frequentes da urgência e a diminuição de 30% dos utentes fora da área de influência do hospital.

Por outro lado, aumentaram os doentes na área de influência da ULS, assim como os casos prioritários (amarelos, laranjas e vermelhos) que subiram 10%, uma situação que “cria grande pressão na urgência”.

Atualmente, 62% dos doentes na urgência são prioritários, o que elevou em 30 minutos o tempo médio entre a primeira observação e a alta.

Para reduzir o número de doentes não urgentes no serviço de urgência geral polivalente, a ULS criou respostas paralelas como a Clínica de Atendimento do Serviço de Urgência (CASU) que atende estes casos.

O projeto “Ligue Antes, Salve Vidas”, que obriga os doentes a ligar para a Linha SNS 24, também aliviou o serviço destes casos e retirou os utentes fora da sua área de influência, que são encaminhados para os hospitais das suas áreas.

O Centro de Responsabilidade Integrada do Serviço de Urgência São José foi o primeiro dos cinco projetos-piloto lançados pelo Ministério da Saúde, seguido do CRISU da ULS de Coimbra, que iniciou a sua atividade em 01 de outubro e conta com 290 profissionais.

O CRISU São José conta com mais de 300 profissionais e está perto de atingir os 330 previstos. Atualmente, integra 21 médicos, 140 enfermeiros, 84 assistentes operacionais, 35 assistentes técnicos e 22 técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica.

O hospital espera recrutar rapidamente mais nove ou dez médicos para alargar o funcionamento das atuais 12 horas diárias (08:00–20:00) para 24 horas ainda este ano.

Com esse reforço, o serviço deixaria de depender tanto das outras equipas, principalmente da de Medicina Interna, que também está a passar por uma fase mais complicada e precisa de ser reforçada, afirmou Miriam Viegas.

O objetivo também passa por, nos próximos anos, este modelo ser uma mais-valia para a construção das novas urgências do SNS, tendo em conta a criação da especialidade de urgência e emergência.

“Estamos a preparar o caminho. Os nossos médicos estão também a concorrer à especialidade, por consenso, de maneira a que possamos ter idoneidade para começar a preparar internos desta especialidade e, daqui a 4 anos, termos uma urgência muito mais robusta e preparada para os desafios atuais”, realçou Miriam Viegas.

A portaria que criou os CRISU prevê incentivos financeiros entre 15% e 25% do vencimento dos profissionais, com 25% dependentes do cumprimento de metas de desempenho.

Para Miriam Viegas, essa medida foi uma mais-valia deste projeto e todos os 300 profissionais recebem um incentivo, mas disse estarem a aguardar resposta do Ministério da Saúde sobre o pagamento desses 25% que dependem do cumprimento das metas estipuladas.

O enfermeiro gestor do CRISU, Paulo Barreiros, disse esperar que este aspeto seja brevemente resolvido pelo Ministério da Saúde, para “melhorar e manter o bom espírito que tem reinado do ponto de vista do trabalho em equipa”, que é uma equipa que é multidisciplinar.

Para Paulo Barreiros, os utentes também têm motivos para estar contentes porque é “um serviço que tem garantido a resposta nas várias vertentes e nas diversas especialidades e melhorou os indicadores”.

“Somos um hospital em que a urgência nunca fechou as suas portas. Nem da urgência, nem das várias especialidades que a constituem”, rematou Miriam Viegas.

lusa/HN

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