Consumidores e empresários espanhóis pedem medidas para dar confiança a turistas

15 de Julho 2020

Representantes de organizações espanholas de consumidores e de empresários instaram esta quarta-feira, num fórum europeu sobre o impacto da Covid-19, as autoridades a restabelecer a “confiança” no setor do turismo, para que este saia da crise.

“A incerteza é o pior inimigo do turismo e a prioridade das autoridades e do setor deveria ser restaurar a confiança”, defendeu a diretora de Comunicação da Organização de Consumidores e Utilizadores (OCU) espanhola, Ileana Izverniceanu, no primeiro dia da videoconferência “Euragora 2020: Turismo em tempos de covid-19”.

Na reunião virtual organizada pelas agências de notícias Lusa (portuguesa) e Efe (espanhola), Ileana Izverniceanu afirmou que a pandemia de Covid-19 “destroçou a confiança” dos consumidores em viajar para outros países, sendo a incerteza “o pior inimigo” do turismo.

A representante da organização de consumidores também considerou que os atuais surtos de covid-19 ativos em várias regiões de Espanha “geram desconfiança” para aqueles que querem ir de férias para o país, um dos maiores exportadores mundiais de serviços de turismo.

“Seria muito importante que as autoridades esclarecessem quem vai pagar [a fatura] no caso de um surto aparecer num local onde está o turista”, afirmou Izverniceanu, acrescentando que os viajantes querem ter “segurança real”.

A OCU tem criticado iniciativas como a do certificado ou selo “Covid Free” (local sem covid), utilizado em comércios, bares, restaurantes e até hotéis, que na maior parte dos casos “não certificam nada e são simplesmente um engano”.

Espanha é um dos países mais atingidos pela pandemia do novo coronavírus, tendo até agora mais de 28.000 mortes e mais de 256.000 pessoas infetadas desde que a doença foi detetada.

O secretário-geral da associação empresarial e profissional Mesa do Turismo de Espanha, também presente no fórum, sublinhou que a atual crise provocada pela Covid-19 “atacou a mobilidade, e sem mobilidade não pode haver turismo”.

Para Carlos Abella, é “fundamental” dar “segurança” aos turistas, para contrariar o “medo” que têm em viajar.

“Temos de oferecer tranquilidade e segurança, mostrar que se estão a aplicar todas as medidas para reduzir ao máximo os riscos de contágio”, defendeu, ao mesmo tempo que reconhecia que “o risco zero não existe”.

O representante das empresas apoiou as medidas excecionais tomadas por Madrid para apoiar o setor, como o “plano de impulso” do turismo.

O Governo espanhol anunciou em meados de junho que vai atribuir mais de 4.250 milhões de euros para impulsionar a recuperação do turismo, através de um plano que se espera que venha a beneficiar 1,2 milhões de pessoas.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, o setor do turismo contribuiu em 2019 com cerca de 12% para o Produto Interno Bruto (PIB) de Espanha, tendo nesse ano o país recebido quase 84 milhões de turistas internacionais.

O painel de convidados do evento, que hoje incluiu ainda o comissário europeu com a pasta do Mercado Interno, Thierry Breton, e os governantes de Portugal e de Espanha responsáveis pelo setor do turismo, foi moderado pelos presidentes da Lusa, Nicolau Santos, e da Efe, Gabriela Cañas.

O primeiro dia da videoconferência, que tratou da “segurança e mercado” do setor turístico, vai ser seguido na quinta-feira por um debate sobre “lugares e pessoas”, que vai contar com a presença da comissária europeia de nacionalidade portuguesa, Elisa Ferreira, e os presidentes das autarquias de Lisboa, Madrid e da comunidade autónoma espanhola das Ilhas Baleares, entre outros.

O debate de quinta-feira será moderado pelos diretores de informação da Lusa e da Efe, respetivamente, Luísa Meireles e Juan Manuel Sanz.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 574 mil mortos e infetou cerca de 13,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

LUSA/HN

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