Estudo revela que idade e doenças crónicas aumentam risco de mortalidade por Covid-19

30 de Julho 2020

A idade é o fator que mais peso tem na mortalidade por Covid-19 e das doenças preexistentes as que mais aumentam o risco de morte são as cardíacas e renais, concluiu um estudo nacional com mais de vinte mil infetados.

O estudo conclui que, depois dos problemas cardíacos e renais, as deficiências imunológicas (por exemplo, o vírus da sida), a doença neurológica e a doença hematológica crónica são os fatores que maior risco de morte têm para os doentes com Covid-19. De seguida aparecem a doença hepática, a doença pulmonar, a doença oncológica e a diabetes.

O trabalho foi elaborado por um grupo de investigadores portugueses de sete institutos/departamentos da Faculdade de Medicina (Universidade de Lisboa) e de outras instituições, como o Instituto Ricardo Jorge e a Universidade Católica.

Este primeiro estudo nacional publicado numa revista científica internacional inclui dados – cedidos pela Direção-Geral da Saúde (DGS) – de 20.293 pessoas infetadas com SARS-CoV-2 entre 01 de janeiro e 21 de abril 2020.

“É a primeira vez que a mortalidade por Covid-19 foi modelada em Portugal tendo em conta a publicação oficial numa revista científica internacional revista por pares”, sublinha um dos autores.

A modelação estatística da mortalidade neste estudo usou três modelos. O principal registou uma influência dominante da idade superior a 55 anos no aumento das chances de mortalidade por Covid-19, mesmo ajustando para a presença de comorbilidades (doenças que a pessoa já tinha quando ficou infetada).

O primeiro modelo secundário, que analisou apenas os doentes sem comorbilidades, registou igualmente uma influência acentuada da idade superior a 55 anos no aumento das chances de mortalidade por Covid-19, e o segundo, específico para cada uma das comorbilidades, ajustando para o sexo e idade, registou que as doenças com maior risco de morte é a cardíaca (com 6,40 de rácio de probabilidades), seguida da renal (4,97).

De qualquer forma, os autores sublinham que os resultados apurados “devem ser interpretados com precaução” pois têm limitações como o facto de serem referentes ao primeiro período de infeção em Portugal, compreendido entre janeiro e abril 2020, “podendo sofrer alterações se entretanto novos dados forem cedidos pela DGS” e não haver dados sobre os sintomas e resultados dos testes laboratoriais.

Apontam ainda como limitações a possibilidade de “existir um sub-relatório de casos com manifestações ligeiras”, a “impossibilidade de ajustar a sequência temporal dos eventos” e a falta de alguns dados.

O estudo foi elaborado por investigadores do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, do Instituto de Medicina Preventiva e Saúde Pública (IMPSP) da Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa (UL), do Instituto de Saúde Baseada na Evidência (ISBE), do Laboratório de Biomatemática da Faculdade de Medicina, do Católica Research Centre for Psychological, Family and Social Wellbeing, da Universidade Católica Portuguesa, da Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, do Cochrane Portugal (Faculdade de Medicina), e da Unidade de Epidemiologia do Instituto de Medicina Preventiva e Saúde Pública (UL), da Clínica Universitária de Estomatologia e do Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB), ambos da Faculdade de Medicina.

LUSA/HN

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