Num dos salões do quartel dos Bombeiros Voluntários de Portalegre está instalado desde o início deste mês o centro de vacinação, estando a operação a decorrer semanalmente às quartas e quintas-feiras, com normalidade, apesar da “azáfama” provocada pela logística em curso, como constatou a agência Lusa no local.
“Menos normal” é a forma como uma parte dos idosos está a lidar com os agendamentos, como foi o caso de Maria Angelina Martinho, de 82 anos, que tomou hoje a terceira dose da vacina contra a Covid-19, bem como a vacina da gripe, acompanhada pela sua filha, Ana Filomena Almeida, “responsável” pela operação que conduziu a idosa até ao centro de vacinação.
Ana Filomena Almeida explicou à Lusa que, se não fosse a própria a ler a mensagem que foi enviada para o telemóvel da sua mãe, Maria Angelino Martinho não teria comparecido no centro de vacinação de Portalegre.
“A minha mãe, com os telemóveis, é as chamadas e pouco mais, não tem capacidade para as novas tecnologias. Eu acho que esta faixa etária que está a ser vacinada não tem facilidade para essas novas tecnologias”, alertou.
Já na sala de recobro, José Carita explicou à Lusa que a sua esposa recebeu duas mensagens para que os dois comparecessem no centro de vacinação na terça-feira, tendo sido alertados, posteriormente por uma neta, que essa data “já tinha passado”.
“A minha mulher recebeu duas mensagens para virmos os dois, no dia 08, e ontem (terça-feira) é que a minha neta, lá em casa, viu a mensagem, já tinha passado. Então vim ao sistema da “porta aberta”, disse.
Mais informados e habituados às novas tecnologias, Plínio Neves e a sua esposa responderam “afirmativamente” às mensagens que lhes foram enviadas para os telemóveis, tendo este octogenário sublinhado também à Lusa que “faz todo o sentido” a operação que está em curso, referente a uma terceira dose da vacina contra a Covid-19.
“Tem-se estado a agravar a situação [número de casos ativos] e, em minha opinião, faz todo o sentido renovar outra vez [vacinação]”, disse.
Em declarações à Lusa, o vogal do conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA) Raul Cordeiro garantiu que o processo de vacinação tem estado a decorrer “muito bem” no distrito de Portalegre.
“Estamos a vacinar a um ritmo, por exemplo, em Portalegre, dois dias por semana, entre 200 a 300 pessoas, não só com terceiras doses, mas também em metodologia “casa aberta” para todas as faixas etárias e estamos convencidos que vamos conseguir responder ao objetivo nacional de vacinação”, disse.
Raul Cordeiro reconhece, no entanto, que tem existido nesta fase algumas dificuldades junto dos idosos em interpretar as mensagens referentes aos agendamentos.
“Tem havido nalgumas circunstâncias alguma dificuldade pela questão de literacia digital da população, mas não tem sido muito evidente essa falta das pessoas porque há sempre alguém em proximidade que acaba por conseguir responder a isso”, desdramatizou.
No entanto, admitiu que haja “um número de pessoas que, eventualmente, poderão estar a faltar por não terem conseguido responder à mensagem em tempo útil ou não terem visto a mensagem no telemóvel”, mas defendeu que, neste caso, “a metodologia da ‘casa aberta’ responde a essa situação”.
Raul Cordeiro disse ainda que, no distrito de Portalegre, existe um universo de cerca de “40 a 50 mil pessoas” para vacinar, estando os administradores da ULSNA “convencidos” que antes da época do Natal a “esmagadora maioria” dessas pessoas esteja já vacinada.
“Nós temos tido sempre das melhores taxas de vacinação do Alentejo e do país e queremos continuar nesse ritmo, embora este processo esteja a ser cada vez mais cansativo também para os profissionais e para a própria população, mas não desligámos e vamos continuar a trabalhar”, acrescentou.
LUSA/HN
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