“Ganhando as eleições no PSD e sendo candidato a primeiro-ministro eu acho que é fundamental nós mudarmos a nossa política salarial. Isso significa que não estamos em desacordo, pelo contrário, com uma subida do salário mínimo, uma subida sensível por razões económicas, não apenas sociais, as sociais são evidentes, o salário mínimo é muito baixo, mas há também razões económicas”, disse.
O eurodeputado, que falava aos jornalistas após ter apresentado a sua candidatura à liderança do PSD, no 3.º Congresso da Coesão Territorial, promovido pela JSD em Portalegre, alertou que as empresas portuguesas “não sobrevivem” no futuro com salários baixos.
“Neste momento, se olharmos para a geoeconomia e geopolítica mundial é evidente que as empresas portuguesas não sobrevivem com os salários baixos, porque há competição da Ásia, vai haver competição da África, cada vez mais agressiva nesse plano”, alertou.
“As nossas próprias empresas têm de mudar o seu modelo económico e isso passa também por pagar salários que gradualmente e progressivamente, com algum equilíbrio, vão subindo”, acrescentou.
O social-democrata considera que a “grande questão” passa depois por separar esses salários do salário médio, para que o salário médio “também possa subir”.
“Converter o salário mínimo numa espécie de salário geral igual para toda a gente e isso só pode ser conseguido com aumentos de produtividade”, disse.
Paulo Rangel defendeu uma reforma fiscal, designadamente na área do IRC e uma mudança no funcionamento da Justiça.
“Não é a reforma dos conselhos superiores, é a questão da celeridade e da rapidez dos processos fiscais de insolvências, de trabalho e administrativos, pelo menos estes capítulos são muito importantes”, defendeu.
Para o eurodeputado é igualmente “muito importante”, orientar no futuro “toda” a produção para o setor das exportações.
“Nós devíamos fixar uma meta, e essa meta é de que em 2030 nós devíamos estar, em vez de estarmos nos 42, 43% em termos de exportações, estarmos já num número perto dos 60%”, disse
“Se nós não fixarmos ambições, se não houver uma visão para Portugal, nós vamos continuar a cair no ´ranking´ europeu”, acrescentou.
O candidato à liderança do PSD recordou ainda que durante o Governo de António Costa o país foi “ultrapassado” por países da Europa de Leste, situação que tem de ser invertida no futuro.
“Em 2022 já serão seis os países de Leste que ultrapassaram Portugal na Europa. Nós, em 2025, 2026, por este caminho, com estas políticas, sem inverter, criar riqueza, sem fazermos isso, sem uma política orientada para o crescimento económico, só criando riqueza é que se combate a pobreza, sem isso nós vamos para a cauda da Europa claramente, vamos ficar no número 26 ou 27”, alertou.
“Estamos a caminhar rapidamente para isso, é preciso interromper isso, ter uma visão para Portugal e foi nesse sentido que eu disse que isso passa claramente nas políticas de rendimentos, por um acordo na concertação social”, acrescentou.
Sobre a concertação social, Paulo Rangel criticou também o primeiro-ministro e defendeu a posição tomada por alguns parceiros sociais nos últimos tempos.
“Não vou na lógica de António Costa que rompeu com a concertação social e como vimos, até agora, a propósito dos novos fundos europeus, o acordo de parceria, o chamado Portugal 2030, o que acontece é que parte dos parceiros sociais não aceitam sequer discutir com o Governo e muito bem, porque esse acordo deve vir a ser feito pelo novo Governo e não pelo Governo em funções porque este já não terá força nem legitimidade para isso”, disse.
Antes, Paulo Rangel defendeu também na sua intervenção no 3.º Congresso da Coesão Territorial da JSD uma outra política para as regiões do interior, nomeadamente investimentos em nas acessibilidades, os acessos digitais, um regime fiscal “atrativo”, habitação, saúde e educação, no sentido de atrair jovens qualificados para esses territórios.
LUSA/HN
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