Um estudo de cientistas da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres prevê que a nova variante poderá provocar entre 25.000 e 75.000 mortes nos próximos cinco meses no Reino Unido, se não se adotarem restrições mais severas.
O estudo aponta para uma nova onda de contágios, com mais infeções e hospitalizações do que aquelas que foram registadas em janeiro deste ano, aquando do aparecimento da variante Delta, e sugere que a variante Ómicron pode tornar-se na variamente mais dominante em Inglaterra em alguns dias.
O Reino Unido registou 58.194 casos na sexta-feira, o maior número desde janeiro, embora se desconheça quantos pertencem à variante Ómicron.
Nas suas previsões, os especialistas trabalharam em dois possíveis cenários: um “mais otimista”, em que a Ómicron pode não atingir tanto o sistema imunitário e as doses de reforço da vacinação serem mais eficazes, e um cenário “mais pessimista”.
O número de infeções vai depender do grau de proteção das vacinas contra a nova variante e das respetivas doses de reforço, que permanece desconhecido.
No primeiro caso, são esperados 2.000 internamentos hospitalares diários, totalizando 175.000 internamentos e 24.700 mortes até ao final de abril.
Se forem tomadas medidas no início do ano, como restringir as hospitalizações, fechar alguns locais de entretenimento e impor lotações quando as pessoas se juntam, será possível controlar a onda e reduzir a 53.000 as hospitalizações e baixar para 7.600 as mortes.
Na pior trajetória, os cientistas preveem um pico de hospitalizações, o dobro do verificado em janeiro deste ano, até um total de 492.000, e 74.800 mortes.
Com maiores restrições, o pico de internamentos pode ficar abaixo do último pico da pandemia.
Essas possibilidades, lembra o estudo, referem-se apenas ao caso de não serem tomadas medidas além das atuais, em que se recomenda o uso de máscara em espaços fechados, a apresentação de certificados digitais de vacinação à entrada de espaços de animação noturna e o teletrabalho quando for possível.
“No nosso cenário mais otimista, o impacto da Ómicron no início de 2022 seria reduzido com medidas leves de controlo, como trabalhar em casa”, disse Rosanna Barnard, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, enquanto “o cenário mais pessimista sugere que podemos ter que suportar restrições mais severas para garantir que o (serviço de saúde) não fique sobrecarregado”.
A especialista reconheceu que “ninguém quer um novo confinamento”, mas medidas de último recurso podem ser necessárias se a Ómicron for mais contagiosa, e sublinhou que os dirigentes políticos “devem considerar todo o impacto social das medidas e não apenas o epidemiológico”.
O governo de Boris Johnson não tem previstas medidas mais severas, mas vai oferecer a dose de reforço da vacina a cidadãos acima dos 18 anos até ao final de janeiro.
LUSA/HN
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