Gripe mantém tendência crescente e taxa de incidência quase triplicou

18 de Março 2022

 A taxa de incidência de síndrome gripal quase triplicou, fixando-se em 43,5 por cada 100 mil habitantes, numa tendência que continua crescente e com "atividade epidémica disseminada", segundo o Instituto Ricardo Jorge.

O boletim de vigilância da gripe do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), referente à semana de 07 a 13 de março, diz que a taxa de incidência de infeção respiratória aguda (IRA) foi de 43,5 por 100 mil habitantes e que foram reportados dois casos de gripe pelas 17 unidades de cuidados intensivos que enviaram informação, ambos referentes a doentes com doença crónica que não estavam vacinados.

Contudo, o INSA refere que os valores das taxas de incidência devem ser interpretados “tendo em conta a reorganização do atendimento ao doente respiratório e a menor população sob observação do que a observada em período homólogo de anos anteriores”.

Segundo o boletim, a Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe (Hospitais) detetou, nesta semana, 447 casos positivos para o vírus da gripe, dos quais 398 do tipo A, oito do tipo B e 41 não tipados. Em 52 dos casos foi identificado o subtipo A(H3).

Em toda a época 2021/2022, os laboratórios da Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe notificaram 61.914 casos de infeção respiratória e foram identificados 1.073 casos de gripe.

Até ao momento, foram detetados 39 casos de co-infeção pelo vírus da gripe e SARS-CoV-2.

Quanto à gravidade, além dos dois casos apontados pelas 17 unidades de cuidados intensivos, foi reportado um caso de gripe pelas três enfermarias que enviaram informação. Trata-se de uma criança de dois anos de idade, sem doença crónica e não vacinada, tendo sido identificado o vírus Influenza A(H3N2).

No que se refere à caracterização genética, o boletim diz que até à semana entre 07 e 13 de março foram caracterizados 80 vírus da gripe com características antigénicas que se distinguem do vírus contemplado na vacina contra a gripe da época 2021/2022.

Esta situação já tinha sido admitida pela coordenadora da Rede Médicos-Sentinela, que em declarações à Lusa admitiu que possa haver uma resposta imunitária diminuída.

“Os vírus que estão a circular em Portugal, que são maioritariamente vírus do tipo A, do subtipo AH3, e aqueles que foram analisados no programa de vigilância da gripe, são antigenicamente distintos daqueles que constam da vacina”, disse Ana Paula Rodrigues, acrescentando: “Nós não temos ainda os dados dos estudos de efetividade porque não há um número de casos suficientes”.

A vacinação contra a gripe arrancou em Portugal no final de setembro, mais cedo do que o habitual devido à pandemia de Covid-19,estando já vacinadas mais de 2,5 milhões de pessoas.

No boletim hoje divulgado, o INSA refere ainda que a mortalidade por todas as causas está “dentro do esperado para esta época do ano”.

Sobre a situação europeia, o boletim indica que na semana 09/2022 (28 de fevereiro – 06 de março) 10 países (Eslovénia, Dinamarca, Hungria, França, Luxemburgo, Noruega, Espanha, Suíça, Moldávia e Reino Unido) apresentaram uma taxa de deteção laboratorial do vírus da gripe acima de 10%.

LUSA/HN

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