“O acordo já foi estabelecido com o banco central, no sentido da criação de todas as condições para que este dispositivo continue disponível ao setor mais impactado pela crise pandémica. Vamos avançar também com programas para apoiar na reestruturação das dívidas das empresas que operam neste setor”, disse Olavo Correia, que é também ministro das Finanças.
Recordou que o turismo – setor que garante 25% do Produto Interno Bruto do país – “traz escala e oportunidade para os demais setores de atividade económica”, daí a necessidade de “avançar com esta iniciativa para que continue a contribuir para a economia cabo-verdiana”, tendo em conta que as moratórias concedidas desde o início da pandemia pelos bancos terminam no final deste mês.
“Portanto, às empresas que por uma razão ou outra continuarem em dificuldades vamos continuar com o plano em relação às moratórias, nomeadamente em relação ao capital, que pode ser iniciado o pagamento num período que anunciaremos em breve”, acrescentou.
Garantiu que “mesmo para as empresas com dificuldades de pagamento de juros também pode ser acordado com as instituições credoras um plano de pagamento”.
“O início do pagamento do valor em dívida, no quadro do programa das moratórias, não poderá pôr em causa a tesouraria das empresas e o esforço das mesmas em investir na retoma da atividade económica”, afirmou Olavo Correia, recordando que para esse efeito foi criada uma linha de financiamento de mais de 9.000 milhões de escudos (81,2 milhões de euros) para apoiar a tesouraria e o investimento das empresas, no quadro do Plano de Retoma pós-Covid-19.
O Governo de Cabo Verde anunciou em 23 de julho passado a prorrogação até 31 de março de 2022 do regime de moratórias ao pagamento de capital e juros em empréstimos bancários, medida de mitigação das consequências económicas da pandemia de covid-19, que continuam a afetar a retoma da economia.
As moratórias ao crédito foram aprovadas no final de março de 2020 e previam um primeiro período de seis meses, até 30 de setembro do mesmo ano, tendo sido então prorrogado até 31 de dezembro – e posteriormente novamente prorrogadas -, devido à “evolução da covid-19, cujos impactos das medidas com vista à sua mitigação se fazem sentir na dinâmica económica e na situação financeira do país”, admitiu anteriormente o Governo.
O governante recordou que desde o início da pandemia de Covid-19 foram concedidos mais de 25 mil milhões de escudos (226 milhões de euros) em moratórias em Cabo Verde, entre empresas e particulares.
A Lusa noticiou anteriormente que quase 20% do total de crédito concedido em Cabo Verde estava, no final de junho, coberto pelo regime de moratória, medida implementada para mitigar as consequências da crise económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo o banco central.
De acordo com o Relatório de Política Monetária do Banco de Cabo Verde (BCV), divulgado em novembro, o regime das moratórias de crédito beneficiava um total de 2.100 entidades e 2.717 contratos em 30 de junho de 2021, representando 2,7% do total de contratos de crédito no sistema bancário.
LUSA/HN
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