O alerta é do grupo de trabalho para a Nutrição na África Ocidental e Central, que reúne agências das Nações Unidas e organizações não-governamentais, incluindo a Save the Children, a Unicef, o Programa Alimentar Mundial ou a Organização Mundial de Saúde.
Em comunicado, o grupo apelou hoje aos doadores para aumentarem urgentemente os seus donativos para responder às necessidades alimentares das crianças afetadas, intensificando também intervenções para prevenir a malnutrição infantil na região.
Segundo o grupo, o número de crianças que sofrem de malnutrição aguda no mundo nunca foi tão alto como este ano, após um aumento de 27% face a 2021 e de 62% face a 2018.
O ano de 2022 é o quinto consecutivo com recordes de malnutrição infantil, sublinham as organizações.
Só no Sahel, a ONU estima que o número de crianças com menos de 5 anos com malnutrição aguda atinja este ano 6,3 milhões, quando no ano passado era de 4,9 milhões.
“Quando os conflitos, a insegurança, as crises socioeconómicas e os recorrentes fenómenos climáticos extremos na região continuam a deteriorar e agravar a nutrição das crianças, precisamos de mudar (…) para abordar as necessidades de uma forma sustentável”, disse a diretora regional da Unicef para a África Ocidental e Central, Marie-Pierre Poirier, citada no comunicado.
Defendendo que o tratamento da malnutrição continua a ser imperativo para salvar as crianças mais afetadas, a responsável pediu uma mudança de paradigma, para que o foco seja em aumentar as intervenções no sentido da prevenção.
“Chegou o momento de abordar as causas da malnutrição das crianças na região com determinação e urgência. As crises recorrentes da última década chamam-nos a acelerar os esforços e aproveitar as oportunidades para reimaginar a nutrição com os nossos parceiros nos governos e com o apoio crucial dos doadores para, coletivamente, pormos a região na trajetória certa para proteger as crianças da malnutrição”, apelou.
O grupo de trabalho diz que, para prevenir o baixo peso em crianças de 6 a 23 meses e das grávidas e lactantes através de suplementos em nove países serão precisos 93,4 milhões de dólares (85,5 milhões de euros), havendo um défice de financiamento de 56,2 milhões (51,4 milhões de euros).
Para tratar o baixo peso, o défice de financiamento é de 35,5 milhões de dólares (32,5 milhões de euros) para a forma moderada do problema e 42 milhões (38,4 milhões de euros) para a forma grave, que coloca em risco a vida das vítimas.
Com a guerra na Ucrânia a provocar um aumento dos preços dos alimentos, aumentando a pressão sobre as populações já muito afetadas por crises, o representante da Action Against Hunger para a África Ocidental e Central, Mamadou Diop, teme que “uma insegurança alimentar e nutricional severa esteja próxima se não se agir em todos os pontos quentes”.
O grupo de trabalho alerta ainda que a falta de diversidade nutricional das crianças é um desafio na África Ocidental e Central, com apenas 21% dos menores de 2 anos a receberem o número mínimo de grupos alimentares para crescerem com saúde.
LUSA/HN
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