No seu habitual espaço de comentário “Momentos Económicos… E não só”, Pedro Pita Barros quis falar sobre a pressão que as urgências hospitalares têm vindo a enfrentar nas últimas semanas. O especialista afirma se trata de um “problema cíclico que surge praticamente todos os anos em dezembro, janeiro e fevereiro”, defendendo, por isso, “uma resposta cíclica e pontual, durante o período de maior procura”.
Para o professor catedrático é preciso encontrar soluções capazes de responder às necessidades dos doentes, sem que estas afetem o normal funcionamento do SNS. Neste sentido, aponta que a solução para as falsas urgências “será o recurso a outros pontos de contacto com o Serviço Nacional de Saúde”, nomeadamente a linha de atendimento do SNS e os cuidados de saúde primários.
Segundo Pita Barros “pessoas que tenham sido remetidas (referenciadas) para a urgência hospitalar por decisão dos cuidados de saúde primários, depois de observadas, não deverão ser consideradas como ‘falsas urgências’ se aceitarmos que a decisão clinica depois de observação é a adequada. Também pessoas que passam pela linha SNS24 e são referenciadas para a urgência hospitalar não serão ‘falsas urgências’ unicamente por decisão própria, pois há um processo de avaliação mesmo que não seja de avaliação direta.”
“Assim, se tomarmos como indicador de falsa urgência a atribuição de pulseira verde ou azul na triagem hospitalar à entrada, será de esperar, de acordo com estes argumentos, que a percentagem de pessoas com essas cores quando a decisão de ir à urgência é apenas da própria pessoa fosse muito superior do que é essa percentagem nos casos enviados a partir das observações nos cuidados de saúde primários, ficando eventualmente no meio as situações que têm origem na linha telefónica do SNS24”, acrescenta.
Os argumentos apresentados por Pita Barros vão ao encontro dos dados citados pelo especialista sobre um trabalho académico realizado na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. No estudo foi verificado que “mesmo nos casos em que há um contacto prévio com o Serviço Nacional de Saúde chegam às urgências hospitalares situações que recebem pulseiras com as cores normalmente usadas para falar de ‘falsas urgências’.”
O economista conclui que “será necessário um trabalho mais detalhado sobre os processos de decisão das pessoas, das possibilidades de atendimento noutros locais, e da análise das práticas de referenciação para a urgência hospitalar, para se perceber como poderão essas decisões serem alteradas.”
HN/Vaishaly Camões
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