Estudo revela famílias pouco satisfeitas com ensino à distância no primeiro ciclo

26 de Agosto 2020

Apenas três em cada 10 pais inquiridos num estudo da Deco se manifestaram satisfeitos com o ensino à distância no 1.º ciclo e a maioria revelou que os filhos tiveram saudades da escola durante o confinamento.

Segundo um inquérito realizado pela associação de defesa do consumidor no final de junho, a maioria dos 537 pais inquiridos não avaliou de forma positiva o novo modelo de ensino imposto pela pandemia.

Em meados de março, o Governo decidiu encerrar todos os estabelecimentos de ensino, como forma de conter a propagação do novo coronavírus, e todos os alunos, desde o pré-escolar ao ensino superior, foram para casa.

No caso do ensino básico, as crianças não puderam regressar à escola e o 3.º período foi passado à distância, com aulas ‘online’ e os professores num ecrã.

Para alguns pais com filhos no 1.º ciclo, o novo modelo de ensino foi pouco satisfatório e os 537 encarregados inquiridos pela Deco atribuíram uma classificação média de 5,8 numa escala de 0 a 10.

Segundo os resultados hoje divulgados pela associação, o apoio prestado às crianças com necessidades educativas especiais foi aquele que mereceu por parte das famílias uma avaliação mais negativa (2,5 em 10), sendo que apenas 5% dos pais referiu a realização de algum trabalho neste sentido.

Entre os aspetos menos satisfatórios, os encarregados de educação referiram também as tarefas propostas pelos professores e as aulas por videoconferência com outros docentes além do titular.

Por outro lado, as aulas por videoconferência e os vídeos gravados pelo professor titular foram os aspetos positivos mais referidos, seguidos das aulas televisivas na RTP Memória e do apoio suplementar dado pelos docentes, que mereceram uma avaliação média de 5,8 e 5,5 em 10, respetivamente.

Da parte das crianças, a experiência do ensino a distância parece não ter sido particularmente positiva e se as saudades das escolas e dos amigos se fizeram sentir pela maioria, a facilidade em acompanhar as atividades foi pouca.

De acordo com os resultados do inquérito, só um quarto das crianças do 1.º ciclo ficou feliz com a mudança e 84% admitiriam sentir saudades da escola, enquanto 91% manifestaram o mesmo sentimento em relação aos colegas.

Por outro lado, apenas um terço dos alunos teve facilidade em concentrar-se durante as aulas ‘online’, a que assistiram durante o 3.º período em casa maioritariamente através do computador, e em trabalhar de forma autónoma com as plataformas digitais.

Ainda assim, a maioria (81%) realizou todas as tarefas propostas que, segundo 40% dos pais, foram em maior quantidade em comparação com aquilo que os professores propõem habitualmente, mas apenas metade conseguiu fazê-lo sozinho.

No total, 72% dos pais referiram, por isso, que os filhos precisaram de ajuda suplementar, sobretudo para esclarecer dúvidas durante o estudo autónomo, mas também com explicações sobre a matéria e orientação para seguir o plano de aulas diário.

Cerca de metade dos encarregados admitiu ainda que a aprendizagem em casa foi mais difícil para as crianças que, na sua maioria, se manifestaram preocupadas com a avaliação final.

O próximo ano letivo arranca entre 14 e 17 de setembro e nessa altura os alunos já vão poder regressar à escola e ao ensino presencial, que será o regime presencial durante os três períodos letivos.

Caso a situação epidemiológica volte a empurrar os alunos para casa, a prioridade será para manter, sempre que possível, os 1.º e 2.º ciclos nas escolas.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Primeira ativação remota de fotofármacos testada com sucesso

Investigadores da Universidade de Barcelona criaram o primeiro dispositivo sem fios capaz de ativar fotofármacos por controlo remoto, permitindo tratar dor de forma precisa e personalizada, minimizando efeitos adversos dos opiáceos.

Cleptomania

Alberto Lopes – neuropsicólogo/hipnoterapeuta

“Se tocam numa mulher, respondemos todas”

Contra a misoginia organizada ‘online’, o neomachismo e toda a violência sobre as mulheres, elas recusam o silêncio, usam as redes sociais para expor agressores e formaram um exército de resistência feminina: “Se tocam numa, respondemos todas”.

Pipeta Revolucionária Ativa Neurónios Individuais com Precisão Iónica

Investigadores da Universidade de Linköping desenvolveram uma pipeta inovadora que ativa neurónios individuais através da libertação precisa de iões, sem perturbar o ambiente extracelular. A técnica revelou dinâmicas complexas entre neurónios e astrócitos, abrindo portas a tratamentos de precisão para doenças como a epilepsia.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights