Questionada à margem da apresentação do novo Estatuto do SNS, aprovado ontem em Conselho de Ministros, se já há decisão sobre os valores a pagar a estes profissionais, Marta Temido lembrou que a reunião com que decorreu há cerca de duas semanas com os estruturas sindicais representativas dos médicos.
“Nessa reunião foi referido que a solução que o Governo estava a propor não era uma solução à qual as estruturas sindicais se obstaculizassem, mas consideravam que não era suficiente”, disse a ministra, adiantando que foi assumido o compromisso de se proceder ao envio de um protocolo negocial para dar início à negociação de temas como esquemas de trabalho e remuneratórios, onde se pretende incluir a negociação de dedicação plena.
Contudo, sublinhou, ainda permanece o tema do pagamento aos profissionais de saúde que trabalham em serviço de urgência que disse estarem “a aprofundar ainda”.
“A solução foi hoje [quinta-feira] discutida, mas gostávamos de dar mais alguns passos no sentido de responder às expectativas dos profissionais de saúde”, disse.
A ministra adiantou que o que estava a ser pretendido pelas partes “não era exatamente coincidente” e daí estarem “a fazer mais um esforço” para conseguir ter “uma solução mais coerente para o problema”.
“O problema é o de garantir trabalho suplementar para manter em funcionamento serviços de urgência face à inexistência ainda de equipas dedicadas nos serviços de urgência, à circunstância de termos uma rede de serviços de urgência que tem provavelmente também de ser reorganizada e revista no seu número de portas, à circunstância de termos, claramente, insuficientemente número de médicos para responder a toda essa rede e àquilo que o sentimento dos profissionais de saúde, concretamente os médicos, de que há uma iniquidade no sistema entre o valor pago aos tarefeiros e às pessoas que pertencem ao quadro do Serviço Nacional de Saúde”, declarou.
“É por ter a compreensão de que este último aspeto é sensível e exige da nossa parte mais do que uma resposta estritamente conjuntural e que responda o melhor possível a uma necessidade de com estabilidade que optámos por fazer ainda um esforço de análise de estudo para ver de que forma é que podemos responder melhor a esses passos”, sustentou Marta Temido.
Na apresentação do Estatuto do SNS, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que “quem passou a prova da Covid-19 passa também qualquer prova”. Questionada se sentiu que estas palavras eram dirigidas a si, Marta Temido considerou que é uma mensagem e um apelo dirigida “a todos os portugueses”.
“Nós tivemos durante a pandemia, e muitas vezes nesta sala [do Infarmed] (…) momentos muito difíceis e muito duros, e fomos conseguindo (…) encontrar consensos que nos permitiram ir resolvendo cada problema, por sua vez, e será provavelmente muito irresponsável não manter a mesma postura de trabalho em conjunto e de procura de soluções na resposta às necessidades dos portugueses”, afirmou.
Para Marta Temido, é importante manter “a união e o foco na resolução” dos problemas. “Às vezes é uma tentação de quanto pior, melhor, ou que os problemas difíceis se resolvem com populismos ou demagogia, mas resolvem-se com trabalho, com estudo e com todos a remarem para o mesmo lado”, defendeu.
LUSA/HN
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