Crises asmáticas podem fazer mal ao feto durante a gravidez? Sim, é verdade

19 de Agosto 2022

A asma é uma das doenças crónicas mais comuns no mundo. No entanto, existem vários mitos associados a esta condição médica e ao seu tratamento. O Viral falou com dois especialistas para verificar a veracidade de algumas destas informações.

Quando uma mulher engravida, uma das coisas que mais ouve é que não deve tomar medicamentos – e, de facto, a recomendação geral é que os medicamentos não devem ser tomados durante a gestação para evitar defeitos congénitos no feto.

Mas será que os tratamentos para a asma estão incluídos? Deverá uma grávida deixar de tomar a medicação de controlo da asma?

“Não existe nenhuma indicação para suspender qualquer medicação para a asma durante a gravidez”, afirma Ana Mendes, imunoalergologista e coordenadora do grupo de interesse da asma da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica. “A medicação que a mulher está a fazer antes de ficar grávida pode mantê-la toda durante a gravidez”, acrescenta a especialista, sublinhando que é necessário também manter o acompanhamento médico para “avaliar a evolução da asma” durante este período.

A asma é uma doença inflamatória crónica que provoca obstrução ao nível dos brônquios, impedindo a chegada do ar aos pulmões. Os doentes asmáticos devem manter a sua asma controlada, através de medicação de controlo, de forma a evitar a ocorrência de crises asmáticas. Nesses casos, existem também medicamentos de emergência, compostos por broncodilatadores, que atua na desobstrução dos brônquios.

Também Carlos Cordeiro Lopes, pneumologista especialista em alergologia respiratória, sublinha que, “com a experiência e o desenvolvimento da farmacologia para a asma brônquica, todos os fármacos são seguros”. O médico destaca que o importante é que a grávida “não deixe de fazer a medicação porque isso vai levar a um não controlo da doença, e isso é que é perigoso”.

“Está provado que a asma não controlada pode ter consequências, sendo a mais grave a diminuição dos níveis de oxigénio que, num doente asmático normal é tolerável, mas numa doente asmática grávida são necessários níveis mais altos de oxigénio.”

A diminuição dos níveis de oxigénio nas grávidas pode provocar danos no bebé, entre os quais “atrasos de crescimento intrauterino, partos pré-termos e, em último grau, podem provocar mesmo morte do feto se acontecer uma crise muito grave numa fase precoce da gravidez”, esclarece Ana Mendes.

Além disso, ambos os especialistas contactados pelo Viral destacam que cerca de 30% das grávidas com asma sofrem uma exacerbação da doença durante a gestação devido às alterações hormonais. “Cerca de um terço das grávidas pioram a sua asma durante a gravidez e pode ser necessário inclusive aumentar a medicação”, prossegue a imunoalergologista. “O mais importante é que a mãe esteja sempre bem, com a sua asma controlada, para que o bebé possa crescer de uma forma saudável.”

Mesmo depois do nascimento, a mãe deve manter os tratamentos de controlo da doença, uma vez que os componentes não são transferidos para o leite materno.

Concluindo: os medicamentos para controlo da asma não são prejudiciais ao feto durante o período de gestação, por outro lado uma crise asmática que ocorra durante a gravidez pode diminuir os níveis de oxigénio no organismo e causar problemas ao crescimento do feto. Uma grávida com asma deve manter a medicação de controlo e ser acompanhada pelo seu médico especialista para avaliar a evolução da doença.

Texto publicado ao abrigo da parceria entre a plataforma de Fact Checking Viral-Check e o Heathnews.pt

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