Segundo anunciou aos jornalistas Ricardo Mira, diretor da área de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar Lisboa Central, que inclui a MAC, foi possível “colmatar as falhas” nas escalas de agosto.
“Até final de agosto a MAC estará a funcionar em pleno”, afirmou o responsável aos jornalistas.
As dificuldades de preencher as escalas tinham levado ao anuncio do encerramento do bloco de partos da maternidade entre as 21:00 de hoje e a manhã de sexta-feira.
Ricardo Mira insistiu que a situação foi resolvida “com um grande esforço dos profissionais” que tinham menos horas extra feitas este ano e disse julgar possível conseguir também colmatar as falhas que ainda existem nas escalas de setembro.
Na declaração aos jornalistas junto àquela unidade hospitalar, Teresinha Simões, coordenadora de Ginecologia e Obstetrícia da MAC explicou que, apesar de os médicos internos terem um limite de 150 horas extra até final de dezembro, muitos já tinham em julho ultrapassado as 300 e 400 horas extraordinárias.
“Todos são novos e têm filhos pequenos”, acrescentou a responsável, explicando que os profissionais que tinham menos horas extra – apesar de solidários com os internos que anunciaram não pretender fazer além das 150 horas extra – ajudaram a resolver as falhas nas escalas, garantindo “segurança para as grávidas realizarem os seus partos na maternidade”.
A coordenadora disse ainda que, apesar de estar em situação de contingência, nas últimas 24 horas a MAC fez 12 partos vindos do exterior. Quanto aos casos que não eram considerados urgentes, as grávidas foram referenciadas para os cuidados de saúde primários.
Como solução a longo prazo, Teresinha Simões referiu a contratação de mais médicos: “Estamos todos [no SNS] com um número inferior ao ideal e vários médicos, mesmo numa faixa etária acima 50 anos, é com muito boa vontade que continuam a fazer urgências”.
“O SNS não pode funcionar à conta de inúmeras horas extra. Significa que está subdimensionado para as necessidades”, insistiu.
Os médicos internos de Ginecologia/Obstetrícia enviaram uma carta à ministra da Saúde no início deste mês (com cerca de 100 assinaturas) e, na semana passada, reiteraram a indisponibilidade para fazer mais de 150 horas extraordinárias por ano, tendo apresentado minutas de escusa de responsabilidade para quando não estão assegurados os mínimos adequados nas escalas de urgência.
Estes profissionais reúnem-se hoje com o bastonário da Ordem dos Médicos para discutir e analisar a crise atual que a especialidade enfrenta, nomeadamente a falta de condições de trabalho e formativas.
LUSA/HN
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