Promovido pelo Conselho Nacional do Médico Interno da Ordem dos Médicos (CNMI), o Inquérito de Satisfação do Internato Médico relativo a 2021 envolveu uma amostra de 2.018 médicos, com uma média de idade de 30 anos.
O objetivo foi avaliar e quantificar o nível de satisfação global dos médicos internos com a formação especializada.
“O ponto de maior insatisfação manifestada, de forma global, pelos médicos internos, diz respeito à ausência no horário laboral de tempo protegido para o estudo autónomo (1.99 – numa escala de 1 a 5)”, refere o estudo a que a agência Lusa teve hoje acesso.
Relativamente à Área Médica, a maior insatisfação relaciona-se com o acompanhamento adequado no Serviço de Urgência (3.5), enquanto nas áreas Cirúrgica e Médico-Cirúrgica a menor satisfação relaciona-se com a possibilidade de realizar técnicas ou procedimentos cirúrgicos (3.47 e 3.31, respetivamente).
Nos Cuidados de Saúde Primários e Saúde Pública os menores graus de satisfação encontram-se nas questões relacionadas com estágios em locais externos às unidades de formação e com a integração e formação direcionadas adequadas naqueles locais pelos médicos internos de Medicina Geral e Familiar (3.17).
Os aspetos “mais notórios” relacionados com a menor satisfação com o serviço prendem-se com o pouco apoio financeiro e/ou logístico à realização ou participação em atividades formativas (2.55) ou científicas (2.08), além da inexistência de recursos científicos, como biblioteca e acesso a literatura atualizada em quantidade suficiente para a promoção de uma formação adequada (2.77), e da inexistência de um sistema de reporte de incidentes (3.15)”.
De um modo global, a maioria dos inquiridos diz estar satisfeita com o internato, mais concretamente com a especialidade (4.12) e com o orientador ou responsáveis de formação (4.15), enquanto a satisfação com o serviço de formação é mais reduzida, embora também positiva (3.57).
Da análise do “ranking” de especialidades, as que reúnem maior nível de satisfação são algumas das habitualmente escolhidas por internos com melhor classificação no concurso de ingresso na formação especializada, como Medicina Nuclear (4,83), Angiologia e Cirurgia Vascular (4.8) e Oftalmologia (4.76).
Já duas das especialidades com pior avaliação – Imuno-hemoterapia (3,46) e Medicina Interna (3,43) – não viram ocupadas a totalidade das vagas disponíveis para ingresso na formação especializada.
A maioria hospitais obteve um nível de satisfação abaixo da média, ao passo que a maior parte das instituições tipo como agrupamentos de centro de saúde obteve um nível de satisfação acima da média.
O presidente do CNMI, Carlos Mendonça, defende citado em comunicado que “estes resultados sejam também alvo de análise pelas entidades coordenadoras do Internato Médico em Portugal, tendo em vista a sua melhoria progressiva”.
“Algumas recomendações para o futuro passam pela introdução de efetivo tempo de estudo autónomo nos programas formativos e horários de trabalho, a criação de estruturas físicas e digitais de suporte bibliográfico nas instituições de formação, a introdução de manuais de procedimentos e de mecanismos de reporte de ocorrências dirigidos aos médicos internos e o reforço dos apoios institucionais à produção científica e formação contínua”, salienta.
Para o bastonário da OM, Miguel Guimarães, “é de particular relevância conhecer e caracterizar a realidade de quem vivencia diariamente o Internato Médico nas diversas especialidades”.
LUSA/HN
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