“A saúde da coligação recomenda-se, mas a nossa preocupação é a saúde dos Açores e dos açorianos”, afirmou José Manuel Bolieiro, na Assembleia Legislativa, na Horta, durante a discussão do Plano e do Orçamento da região para 2023, num debate sobre a saúde.
As declarações surgiram depois de o presidente do PS/Açores, Vasco Cordeiro, ter questionado o líder do Governo Regional sobre se estaria disponível para pedir desculpa aos médicos em nome do executivo açoriano, devido às afirmações do vice-presidente, Artur Lima (CDS-PP).
Em causa estão declarações do ‘número dois’ do Governo dos Açores que, em 11 de novembro, defendeu que os médicos “não podem usar o dinheiro como moeda de troca para dispensar” a prestação de cuidados, considerando que tal é uma “violação grosseira” da ética.
No debate, José Manuel Bolieiro criticou a “política do maldizer” e acusou o PS de estar “incomodado” com os resultados do executivo na saúde.
“Fui bem claro ao repudiar categoricamente que se pudesse interpretar nas declarações – e eu sabia de conversa direta e testemunho do vice-presidente – qualquer intenção de ofender ou desconsiderar aos médicos”, assinalou.
José Manuel Bolieiro reiterou ainda a “disponibilidade para o diálogo” com os médicos.
“Estou apto e pronto para resolver os problemas e agarrar as oportunidades. Sim, estou pronto para, como é apanágio deste governo e meu próprio, em diálogo e concertação, dialogar com os médicos e resolver o problema”, afirmou.
Na resposta, Vasco Cordeiro, que liderou o Governo Regional entre 2012 e 2020, acusou o executivo de “estar mais preocupado com a saúde da coligação do que com a saúde dos açorianos”.
“O senhor vice-presidente não tem humildade para pedir desculpa aos médicos e o senhor [presidente] não tem a força, nem a liderança, para pedir desculpa aos médicos em nome do governo”, condenou o socialista.
Depois das declarações de Artur Lima, médicos dos três hospitais públicos da região manifestaram, em abaixo-assinado enviado a José Manuel Bolieiro, ao vice-presidente do Governo dos Açores e ao secretário regional da Saúde e Desporto, Clélio Meneses, indisponibilidade para realizar horas extraordinárias para além do limite legal das 150 horas, o que poderá colocar em causa o serviço de urgência já em dezembro.
Segundo o diário Açoriano Oriental, são 426 os médicos que assinaram o documento, sendo 191 do Hospital Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada.
O Orçamento dos Açores para 2023, de cerca de 1,9 mil milhões de euros, começou a ser debatido no plenário da Assembleia Legislativa Regional na segunda-feira, onde a votação final global deve acontecer na quinta ou na sexta-feira.
O terceiro orçamento do atual executivo chegou ao parlamento sem as ameaças de chumbo feitas no ano passado pelos deputados com quem os partidos da maioria têm acordos de incidência parlamentar – Chega, Iniciativa Liberal (IL) e deputado independente (ex-Chega).
LUSA/HN
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