“Existem muitos assuntos ultrapassados que já foram muito bem esclarecidos pela direção da Ormed e que algumas coisas se tornam hoje um não-assunto”, afirmou o diretor de comunicação da Ormed, Aldemiro Cussivila, em declarações à Lusa.
Sem entrar no detalhe das acusações, o responsável apelou apenas aos membros inscritos na ordem a atualizarem a sua documentação e a pagarem as respetivas quotas.
“Voltamos uma vez mais a apelar os membros, que são inscritos na ordem, para atualizarem a sua documentação junto da Ordem dos Médicos e que cumpram também com os seus deveres de pagamento de quota para que exerçam os seus direitos”, exortou.
A Ormed “continua a trabalhar na atualização dos dados para quão breve seja possível consiga apresentar e remeter os cadernos eleitorais em todos os conselhos provinciais para, posteriormente, após a análise avançarem-se outros dados”, concluiu Cussivila.
O Sindicato Nacional dos Médicos Angolanos (Sinmea) acusou hoje a bastonária da Ormed de estar “ilegalmente” no cargo, há quase um ano, e que esta terá “vandalizado” a base de dados da instituição.
Segundo o secretário provincial do Sinmea em Luanda, Miguel Sebastião, a bastonária Elisa Gaspar cessou as funções em março de 2022, período em que deveria ter convocado eleições, estando desde então a exercer “ilegalmente” o cargo.
“O mandato da bastonária terminou em março passado e deveria anunciar-se as eleições para o devido fim do mandato, porque nesse contexto a bastonária está no cargo de forma ilegal”, disse Miguel Sebastião.
“Temos de saber honrar os mandatos, o sindicato terminou o seu mandato em 27 de janeiro e em março realiza o seu congresso, então ninguém é insubstituível, ela (bastonária) deveria já convocar as eleições”, argumentou.
O médico apresentou, em conferência de imprensa, em Luanda, a visão do Sinmea sobre o estado atual da saúde em Angola e a realização do segundo congresso do sindicato, previsto para 24 e 25 de março para a renovação de mandatos.
O presidente cessante do Sinmea, Adriano Manuel acusou também, na ocasião, a bastonária de ter “vandalizado” a base de dados da instituição com “objetivos inconfessos”.
“A questão relacionada com o facto de os médicos não quererem, reiteradamente, atualizar a base de dados da Ormed, decorre do facto de a bastonária, quando foi eleita, ter destruído a base de dados com objetivos inconfessos”, referiu.
A direção da Ormed emitiu, em setembro de 2022, uma nota em que orientava os associados a atualizarem os dados no decurso daquele mês, visando a eleição dos órgãos sociais da instituição, e lamentava, no documento, a fraca adesão dos médicos ao processo.
Adriano Manuel referiu hoje que a reduzida adesão ao processo e ao pagamento de quotas à Ormed resulta da “quebra de confiança” na atual gestão, que “está com problemas em atualizar a base de dados para poder realizar o processo eleitoral”.
“[A bastonária] mandou vandalizar os computadores que tinham, e temos provas disso, inclusive esse assunto foi remetido aos órgãos de justiça que não conseguiram apurar que a funcionária foi mandatada para o efeito”, apontou.
Os conflitos internos na Ormed arrastam-se desde 2020, mas Elisa Gaspar refutou estas acusações de má gestão.
O conselho regional norte da Ormed aprovou, em 17 de outubro de 2020, a destituição de Elisa Gaspar, devendo ser promovidas novas eleições em 90 dias, mas a bastonária garantiu, na altura, que estava no cargo de forma legal.
O Tribunal de Luanda deu provimento à providência cautelar interposta pela bastonária da Ormed contra o Conselho Regional Norte daquele órgão, em fevereiro de 2021, ordenando que se abstenham de “atos que importunem o normal funcionamento” da ordem.
LUSA/HN
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