“O secretário-geral observa o papel indispensável que as exportações de alimentos e fertilizantes da Federação Russa e da Ucrânia continuam a desempenhar no apoio à segurança alimentar global. Ele reitera a importância da implementação total e contínua dos acordos assinados em Istambul em julho de 2022, para ajudar a garantir que esses produtos cheguem aos mercados globais de maneira tranquila, eficiente e em escala”, disse o porta-voz Farhan Haq.
Para Guterres, esses acordos – que permitem a exportação de cereais e fertilizantes da Ucrânia e da Rússia para os mercados internacionais – são uma “demonstração muito rara do que o mundo pode fazer quando pensa nos grandes desafios do nosso tempo”.
“O secretário-geral apela a todos os interessados que priorizem a segurança alimentar global”, insistiu.
Na terça-feira, o Governo russo disse que não havia razão para prorrogar o acordo, que expira a 17 deste mês, porque os problemas para as suas próprias exportações não foram resolvidos, embora o porta-voz do Kremlin (Presidência russa), Dmitri Peskov, tenha atenuado os comentários, salientando que o Ocidente ainda tem alguns dias para resolver os obstáculos.
As exigências da Rússia também incluem a reintegração do seu banco agrícola, Rosselkhozbank, no sistema bancário internacional SWIFT, o levantamento das sanções sobre as peças sobresselentes para a maquinaria agrícola, o desbloqueio da logística de transportes e dos seguros, o descongelamento de ativos e a reabertura do oleoduto de amoníaco Togliatti-Odessa, que explodiu a 05 de junho.
Para a ONU, os acordos, que estão prestes a completar um ano, estão a contribuir para reduções sustentadas nos preços globais dos alimentos, “que estão agora mais de 23% abaixo dos recordes alcançados em março do ano passado”.
“O secretário-geral e a sua equipa continuam totalmente comprometidos em desenvolver o progresso já feito e estão em contacto constante com uma ampla gama de partes interessadas a esse respeito”, sublinhou o porta-voz de Guterres.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
LUSA/HN
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