“Diria que foi uma reunião muito cordial, mas insuficiente e inconclusiva, porque todos os problemas que levamos, trouxemos de volta”, adiantou à agência Lusa o presidente do sindicato, após o encontro no Ministério da Saúde.
Segundo Carlos Ramalho, o Governo apresentou ao Sindepor “pequenas operações de charme que não vão resolver os problemas dos enfermeiros”, que se arrastam “há vários anos”, o que levou o sindicato a manter a paralisação de quatro dias no início de agosto, que coincide com a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
O dirigente sindical adiantou que o Sindepor pretende a revisão da carreira, a compensação do desgaste, da penosidade e do risco da profissão em termos de idade para a reforma e a alteração da avaliação de desempenho dos enfermeiros, alegando que é atualmente “perfeitamente desadequada”.
“O ministério o que nos apresentou foram pequenas soluções para as Unidades de Saúde Familiar, que não vão resolver os problemas dos utentes e dos profissionais”, lamentou Carlos Ramalho, ao adiantar que ficou assumido que as duas partes vão voltar a reunir-se, mas ainda sem data definida.
“Vamos ter de manter a greve infelizmente”, sublinhou o presidente do Sindepor, que admite que o protesto possa ser desconvocado se, nos próximos dias, “alguma coisa acontecer que permita continuar a dialogar e a negociar com o ministério”.
Esta paralisação dos enfermeiros vai abranger os 18 concelhos da Área Metropolitana de Lisboa e decorrerá entre as 00:00 do dia 01 e as 24:00 do dia 04 de agosto, período em que Lisboa estará a acolher a edição deste ano da JMJ, com as principais cerimónias a terem lugar no Parque Eduardo VII e no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo.
Vários sindicatos dos enfermeiros têm exigido que o Ministério da Saúde reinicie as negociações para a revisão da carreira, tendo realizado nos últimos meses greves e manifestações de protesto em diversos pontos do país.
Em novembro de 2022, o Governo aprovou, após várias reuniões com os sindicatos, um diploma referente à contagem de pontos na avaliação do desempenho e que descongelou a progressão salarial dos enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde, mas os sindicatos têm denunciado “injustiças” e “irregularidades” na sua aplicação.
Nas contas iniciais do ministério, este decreto-lei deveria abranger cerca de 20 mil enfermeiros que subiriam uma ou duas posições remuneratórias, com o pagamento de retroativos a janeiro de 2022, mas, na prática, tinham sido reclassificados cerca de 17 mil profissionais até maio.
Nas contas do ministério, esta medida representou um esforço orçamental de 72 milhões de euros em 2022, aumentado para cerca de 80 milhões este ano e nos anos seguintes.
LUSA/HN
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