Eduarda Reis: “Inovação nem sempre tem de espelhar-se no desenvolvimento de novos medicamentos”

08/04/2023
Nesta entrevista, Eduarda Reis, Chief Medical Officer da Lusíadas Saúde, faz o balanço do 2.º Lusíadas Oncology Summit, destacando que “sobressaiu que a inovação nem sempre tem de representar investimentos avultados ou espelhar-se no desenvolvimento de novos medicamentos”.

HealthNews (HN)- Foram dois dias bastante preenchidos. O que é proporcionaram de melhor aos profissionais de saúde que participaram?

Eduarda Reis (ER)- Nestes dois dias, os momentos de atualização apresentaram uma enorme qualidade científica. Enquanto Chief Medical Officer e membro da comissão organizadora, estou muito satisfeita com a adesão, os insights, o feedback e o resultado.

Foi nítida a formação transversal a toda a equipa multidisciplinar e a personalização dos momentos formativos, que deram resposta quer às reais necessidades do dia a dia das diferentes categorias profissionais, quer aos temas clínicos mais incontornáveis da atualidade.

HN- Quais foram os momentos-chave?

ER- Perante um programa tão rico, é difícil nomear. Mas penso que na 2.ª edição do Lusíadas Oncology Summit sobressaiu que a inovação nem sempre tem de representar investimentos avultados ou espelhar-se no desenvolvimento de novos medicamentos. 

Percebemos que uma das prioridades gerais é garantir a equidade do acesso às novas tecnologias e à inovação, mas é também importante e prioritário manter a sustentabilidade económica e financeira do sistema.

As apresentações foram enriquecedoras e a possibilidade de partilhar conhecimentos no fim das palestras valorizou ainda mais o Lusíadas Oncology Summit. Conhecer a prática de diferentes hospitais nacionais e ter uma perspetiva internacional foi muito importante para planear os próximos passos na Oncologia.

HN- Cumpriram as metas definidas?

ER- Sim, estamos muito contentes com os resultados obtidos. A segunda edição corroborou a qualidade científica já registada na primeira edição. Este ano, conseguimos incluir temas como a cardio-oncologia, tumores do urotélio ou a trombose associada ao cancro (CAT), onde inclusivamente a Lusíadas apresentou o conceito da CAT Clinic, que fornece, no local, a avaliação do risco e o tratamento farmacológico para a CAT.

Foi um evento muito rico, com discussões ativas sobre a atualidade da especialidade. 

A Oncologia não é uma especialidade per si, pelo que o tema da multidisciplinaridade sempre foi um aspeto fundamental na prevenção, no tratamento e no acompanhamento da doença oncológica. Nesse sentido, uma das metas foi criar sessões com interesse prático para enfermeiros e técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica. São profissionais que têm um papel fundamental a cuidar de pessoas com diagnóstico oncológico.

As conclusões científicas são tão relevantes e significativas que decidimos agregar essa informação num paper. Assim, conseguimos otimizar os conteúdos e ampliar o acesso à informação.

 HN- Atualmente, na área da Oncologia, quais são os principais desafios que os profissionais de saúde enfrentam em Portugal? No sistema nacional de saúde, o que é que continua por fazer ou pode melhorar?

ER- O principal desafio dos profissionais de saúde na área da Oncologia é, sem dúvida, conseguir proporcionar um acesso atempado aos serviços de saúde, fator essencial para garantir que as pessoas recebem os cuidados necessários no momento adequado. Isto requer disponibilidade dos serviços de saúde, gestão de limitações financeiras, além do uso da tecnologia para melhorar a eficiência e o acesso equitativo aos cuidados de saúde.

Proporcionar acesso à inovação a todos os doentes é também um desígnio nacional. O Sistema Nacional de Saúde tem um grande desafio de equidade, sobretudo nesta área, e terá de continuar a integrar todos os recursos ao seu alcance.

Além disso, a área da Oncologia está em constante evolução, com novas tecnologias, tratamentos e abordagens. Os profissionais de saúde enfrentam o desafio de se manterem sempre atualizados com esses avanços e integrá-los na sua prática clínica. Isto exige formação contínua e um enorme compromisso em acompanhar a investigação nesta área. 

HN- Na Oncologia, quais são as atuais prioridades da Lusíadas Saúde?

ER- A Oncologia tem uma importância incontornável na área da saúde nas suas várias frentes: prevenção, diagnóstico precoce, tratamento e reabilitação, e na Lusíadas Saúde estamos comprometidos verdadeiramente com o doente no centro da nossa atividade e, por isso, investimos na qualidade de todas as fases inerentes.

Esta aposta do Grupo materializa-se no reforço do investimento em equipamentos de última geração, em equipas especializadas e infraestruturas adaptadas às novas necessidades.

A Oncologia não é uma especialidade per si, abrange todas as especialidades cirúrgicas, o que sublinha a importância de nos reunirmos todos para conhecer o que de melhor se faz em Portugal e no mundo, bem como para gerar discussão. É essencial para a aprendizagem e aplicação de boas práticas. A formação é, sem dúvida, uma prioridade na área da Oncologia.

HN- Podemos contar com uma terceira edição?

ER- Estamos neste momento a fazer um balanço do Lusíadas Oncology Summit 2023, mas dada a elevada adesão nos dias 22 e 23 de junho, já lançámos o ‘save the date’ da 3.ª edição. Será nos dias 27 e 28 de junho de 2024.

HN/RA

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